Mudanças climáticas extremas podem tornar o Rio Grande do Sul inabitável, afirma um dos maiores meteorologistas do país
Carlos Afonso Nobre alerta para impactos devastadores caso o aquecimento global atinja 4 graus acima dos níveis pré-industriais.
Especialistas das áreas de saúde e meio ambiente participaram do 4º Summit Ambiental Internacional, realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, para debater a emergência climática e suas graves consequências para a região e o país. Durante o evento, nos dias 5 e 6 de novembro, o conceituado meteorologista Carlos Afonso Nobre, integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e premiado com o Nobel da Paz, alertou sobre o risco do Rio Grande do Sul se tornar inabitável caso as mudanças climáticas não sejam contidas.
A temperatura média global já subiu 1,3 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, e, de acordo com Nobre, um cenário de aumento para 4 graus traria ondas de calor ainda mais intensas, com elevações de até 5,3 graus, tornando-as 38 vezes mais frequentes. Sem uma resposta imediata para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e interromper o desmatamento, as populações mais vulneráveis, como idosos e crianças, seriam as mais afetadas.
Desde a era industrial, os seres humanos emitiram 1,5 trilhão de toneladas de dióxido de carbono, o que contribuiu para uma elevação de 10,3 centímetros no nível dos oceanos desde 1993 e a perda de 8,3 mil quilômetros cúbicos de geleiras globais. Essas emissões descontroladas reforçam a urgência de ações coordenadas e drásticas para deter o aquecimento e prevenir um “ecocídio”, termo utilizado por Nobre para descrever o atual cenário.
Com o evento ocorrendo no Anfiteatro Schwester Hilda Sturm, o summit promoveu ainda discussões sobre as relações entre saúde e meio ambiente, destacando a necessidade de medidas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Em sua fala, Nobre enfatizou que “não existe um planeta B”, reforçando a urgência de mudanças para evitar que o Brasil e o mundo enfrentem catástrofes ambientais cada vez mais severas.