Com apoio do governo, projeto alia tecnologia e sustentabilidade para monitorar a qualidade do ar

Em 2024, o Brasil vem registrando números recordes de queimadas, que comprometem a qualidade do ar em diversas regiões do país. Esse cenário intensificou a busca por soluções tecnológicas que auxiliem no monitoramento e mitigação dos impactos ambientais. Nesse contexto, o Smart LiveLab, projeto de inovação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) com apoio da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), viu crescer seu protagonismo e se consolidou como um marco na pesquisa sobre a condição atmosférica e o desenvolvimento regional.

Projeto aprovado no Edital TEC4B 04/2021, o living lab, organizado pela Unijuí em parceria com a prefeitura de Santa Rosa e empresas da região Noroeste e Missões, recebeu o investimento de R$ 1,3 milhão, sendo R$ 1 milhão oriundo do governo do Estado. Com o uso de internet das coisas (IoT) e tecnologias de cidades inteligentes, o laboratório promove avanços significativos na medição e análise de poluentes atmosféricos, colaborando diretamente com as políticas públicas e o setor privado.

A titular da Sict, Simone Stülp, destacou que o Smart LiveLab é mais do que um projeto acadêmico. “Ele já está consolidado como uma ferramenta essencial para gestores públicos, empresários e para a sociedade em geral. A capacidade de monitorar a qualidade do ar, em tempo real, fornece subsídios para a formulação de políticas públicas mais assertivas e para a adoção de práticas empresariais mais sustentáveis”, afirmou.

Smart LiveLab

O Smart LiveLab foi inaugurado, oficialmente, em dezembro de 2023, com o objetivo de integrar ciência e tecnologia ao progresso local, proporcionando uma transformação sustentável em Santa Rosa e nos municípios vizinhos. Além do foco no monitoramento da qualidade do ar, o projeto se insere em um contexto mais amplo de inovação, oferecendo dados fundamentais para a criação de soluções que atendam às necessidades da população e ao crescimento econômico.

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Por meio da tecnologia LoRa (long range), que é uma rede de transmissão de longo alcance para levantamento e troca de dados, a estrutura do laboratório utiliza sensores de IoT para medir, em tempo real, os níveis de poluentes atmosféricos. Isso permite o acompanhamento contínuo da qualidade do ar em diferentes pontos da cidade. Com essas informações, gestores públicos podem promover estratégias mais eficientes para reduzir os impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida.

O laboratório possui quatro áreas físicas distintas: Front LiveLab, destinado ao atendimento de parceiros e usuários; Idea LiveLab, um espaço focado em fomentar a criatividade e a inovação, equipado com diversas tecnologias, como ferramentas criativas, computadores e softwares especializados; Make LiveLab, voltado a prototipagem, desenvolvimento de pilotos e testes de componentes; e Storage LiveLab, que abriga servidores de alto desempenho e capacidade, responsáveis pelo armazenamento e recuperação de dados coletados pelos sensores. Além disso, a cidade de Santa Rosa funciona como o City LiveLab, com 22 antenas que capturam dados de sensores distribuídos pelas áreas urbana e rural.

O diretor de Conhecimento para Inovação, Ciência e Tecnologia da Sict, Diego Moraes, explicou que o Smart LiveLab é um exemplo de como a inovação tecnológica pode ser aplicada de maneira prática para resolver desafios concretos da sociedade, como a poluição do ar. “Essa iniciativa reforça a posição do Rio Grande do Sul como referência em inovação, propiciando uma sinergia entre pesquisa, tecnologia e qualidade de vida para a nossa população”, salientou.

Cooperação internacional

O impacto do Smart LiveLab também transcende fronteiras. Recentemente, o projeto inspirou um intercâmbio de conhecimento com o México, fortalecendo as relações entre os dois países no campo da inovação tecnológica. Durante a troca de experiências, especialistas brasileiros e mexicanos compartilharam boas práticas e soluções que podem ser replicadas em diversas regiões da América Latina, fomentando uma agenda colaborativa de desenvolvimento sustentável. Em parceria com o pesquisador Carlos Molina Jiménez, da Universidade de Cambridge, do Reino Unido, o município mexicano San Marcos foi escolhido como projeto-piloto, visando replicar a iniciativa.

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Esse intercâmbio evidencia o potencial do Smart LiveLab como referência internacional, mostrando como a integração entre tecnologia e meio ambiente pode criar novas oportunidades de inovação em diferentes contextos socioeconômicos.

Desafios ambientais

Assim como em outras regiões do Brasil, dados coletados pelo laboratório mostram que a poluição atmosférica na região de Santa Rosa atingiu níveis preocupantes. O monitoramento contínuo revelou picos alarmantes na concentração de partículas no ar, o que coloca a população em risco, especialmente aqueles com problemas respiratórios. Esses números reforçam a importância de expandir o uso de tecnologias de monitoramento ambiental.

O professor e coordenador do Smart LiveLab e do Programa de Modelagem Matemática e Computacional da Unijuí, Sandro Sawicki, enfatizou que a geração de dados é capaz de auxiliar em decisões sobre segurança pública, mobilidade urbana, saúde e meio ambiente, com a pretensão de melhorar a qualidade de vida da comunidade e a economia do município.

“Com o Smart LiveLab, conseguimos monitorar em tempo real os níveis de poluição atmosférica na região, oferecendo dados precisos que podem subsidiar políticas públicas e ações preventivas. Nosso objetivo é tornar essa tecnologia acessível e útil para o desenvolvimento sustentável, tanto em Santa Rosa quanto em outras regiões”, destacou.

Com o apoio da Sict, o Smart LiveLab se estabelece como um modelo de sucesso em termos de inovação aplicada à vida urbana, mostrando o papel imprescindível da tecnologia para a transformação das cidades e a preservação ambiental.

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