Mudança climática aumentou chance de chuvas extremas no Rio Grande do Sul, aponta estudo

As mudanças climáticas aumentaram em duas vezes a probabilidade de ocorrência das chuvas históricas que causaram as enchentes no Rio Grande do Sul entre o final de abril e maio. Isso é o que aponta um novo estudo, divulgado nesta segunda-feira (3), realizado pelo World Weather Attribution (WWA).

Segundo a pesquisa do grupo internacional de cientistas especializados em assuntos climáticos, um estudo rápido de atribuição, o fenômeno natural El Niño, conhecido por trazer condições chuvosas à região, desempenhou um papel semelhante ao intensificar as chuvas, enquanto falhas na infraestrutura pioraram os danos.

Ainda de acordo com a investigação da WWA, que teve a participação de universidades e agências meteorológicas no Brasil, Holanda, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos, essas chuvas intensas são raras e eram esperadas para ocorrer apenas uma vez a cada 100 a 250 anos no clima atual.

Além disso, sem o efeito da queima de combustíveis fósseis, essas precipitações históricas teriam sido ainda mais raras. Para chegar a essa conclusão, os cientistas examinaram o impacto das mudanças climáticas na chuva, usando dados meteorológicos e simulações de modelos. Eles compararam o clima atual, com cerca de 1,2°C de aquecimento global, com o clima mais frio pré-industrial, sem os impactos do ser humano, usando métodos revisados por especialistas.

O foco do estudo foi no sul do Brasil, no Rio Grande do Sul, analisando a chuva de 26 de abril a 5 de maio. Com isso, os pesquisadores concluíram que:

– A mudança climática provocada pelo homem tornou o evento mais de duas vezes mais provável e cerca de 6-9% mais intenso.
– Fora isso, com um aquecimento adicional, esses eventos se tornarão mais frequentes e destrutivos.
– Se continuarmos queimando combustíveis fósseis e as temperaturas subirem 2°C em relação aos níveis pré-industriais, o que pode ocorrer em 20-30 anos se não pararmos rapidamente as emissões, eventos de chuvas intensas serão duas vezes mais comuns do que atualmente.

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Usando modelagem estatística, os pesquisadores separaram também as influências do El Niño e das mudanças climáticas na chuva. Foi aí, então, que descobriram que tanto o El Niño quanto as mudanças climáticas aumentaram a chuva em proporções semelhantes.

No estudo, eles estimam que o fenômeno climático aumentou a probabilidade do evento em um fator de 2 (duas vezes mais provável) e tornou as chuvas cerca de 3-10% mais intensas. O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso no Brasil. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias no país, fazendo com que as quedas sejam mais sutis e mais breves.

O fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais, e provoca chuvas excessivas no Sul e no Sudeste.

Informações O Sul.

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