Indústria começa o segundo trimestre em queda no Rio Grande do Sul

A indústria gaúcha começa o segundo trimestre em queda, revela a Sondagem Industrial do RS, pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) e divulgada nesta segunda-feira (29). De acordo com os empresários consultados no levantamento, o setor voltou a mostrar desaquecimento em abril, com reduções além do normal no período tanto na produção como no emprego, e deterioração nas expectativas. “Desta forma, os empresários gaúchos, cautelosos, se mostram menos dispostos a fazer investimentos nos próximos seis meses. A intenção de investir é menor”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.

O índice de produção nas indústrias registrou 39,1 pontos no mês passado, 6,8 menor que a média histórica do mês, o que indica um ritmo de queda bem mais intenso que o esperado para o período. Nos últimos oito meses, ocorreu apenas uma expansão, em março, três estabilizações e quatro quedas. O índice varia de zero a cem pontos e valores abaixo de 50 representam retração ante o mês anterior.

Em número de empregados, o índice chegou a 46,2 pontos, ante 49,6 de março, indicando novo recuo no emprego, mais intenso do que o do mês anterior e do que o previsto para abril, cuja média é de 47,8 pontos. A marca divisória de 50 pontos, que indica crescimento na comparação com o mês anterior, não é ultrapassada desde setembro de 2022. Nesse período, foram registradas cinco quedas e duas estabilizações.

A utilização da capacidade instalada (UCI) perdeu dois pontos percentuais e caiu de 71%, em março, para 69%, em abril, mas se manteve na média histórica do mês. Já o índice de UCI em relação à usual, que considera o padrão do mês na percepção do empresário, fechou em 39,2 pontos, frente a 45,1 de março. A diferença, em abril, entre a UCI observada e a usual foi maior não somente em relação a março, mas a mais alta desde junho de 2020, em um claro sinal de desaquecimento.

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Mesmo com a queda forte da produção, os estoques de produtos finais permaneceram, em abril, em alta e acima, ainda que mais próximos, do planejado pela indústria. De fato, o índice de evolução atingiu 52,5 pontos, revelando, com resultado superior a 50, avanço dos estoques na comparação com março. Já o índice em relação ao planejado recuou de 53,3 para 51,6 pontos em abril, mais perto da marca de 50 pontos, que indica estoques ajustados.

PERSPECTIVAS – Com este quadro pouco favorável à atividade industrial, as perspectivas dos empresários foram afetadas, segundo a pesquisa realizada entre 2 e 10 de maio com 191 empresas (48 pequenas, 63 médias e 80 grandes). Eles projetam redução da demanda e mais demissões nos próximos seis meses. De fato, com exceção das exportações (+0,7 ante abril, para 49,9 pontos em maio), cuja projeção é de estabilidade, todos os índices de expectativas caíram em relação ao mês passado, ficando na faixa negativa, abaixo de 50 pontos: demanda (-2,8, para 49,2 pontos), emprego (-1,9, para 47,4 pontos) e compras de matérias-primas (-1,3, para 48,2 pontos).

Os empresários gaúchos se mostram menos propensos a realizar investimentos nos próximos seis meses. O índice de intenção caiu 1,9 ponto na comparação com abril e ficou em 51 pontos, muito perto da média histórica. Quanto maior e mais próximo de cem, mais alta é a propensão de investir, mas o resultado mostra que apenas pouco mais da metade das empresas, 53,4%, expressam essa intenção.

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