Golpes digitais: como prevenir e o que fazer se a conta for hackeada?
O número de golpes virtuais no estado cresceu mais de 400%,em 2022, em relação ao ano anterior, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Uma explicação, é que com a pandemia da covid-19, o mundo passou por uma digitalização acelerada, migrando grande parte dos serviços físicos para a internet. E com eles, migraram também os golpistas, as informações são do SBT News.
É que apesar dos benefícios e da praticidade da digitalização dos serviços, esse movimento também aumentou a criminalidade nos meios digitais.
“Tá todo mundo mais conectado na rede social, tá todo mundo mais conectado no seu telefone no dia a dia, fazendo transações, fazendo compras, então os golpistas, infelizmente, acabam utilizando essa alta conectividade pra executar seus golpes e fraudes”, diz o especialista em segurança digital e diretor da Apura Cyber Intelligence, Mauricio Paranhos.
A analista de operações Letícia Oliveira foi uma dessas vítimas. Ela relata que sua conta do Instagram foi hackeada e, em poucos minutos, os dados de segurança, como e-mail, senha e número de celular, foram alterados. Além da invasão, ela conta que o criminoso começou a usar seu perfil para tentar aplicar golpes na rede social: “ele começou a postar a minha imagem, fotos minhas, com um monte de golpe – invista ‘x’ e ganhe o dobro”. Segundo Letícia, um amigo chegou a depositar R$ 1.500 para o golpista, acreditando que teria sido ela quem havia feito as publicações.
Com a estudante de jornalismo Letícia Linhares, um golpe digital parecido: criminosos invadiram suas redes sociais e tentaram aplicar golpes financeiros. Segundo a estudante, foram feitas postagens em que os invasores forjaram contas e comprovantes de pagamento em seu nome.
“Eles tentaram pegar meu nome completo, mas eu nunca coloco meu nome completo nas redes sociais, mas, mesmo assim, eles colocaram alguns sobrenomes meus, fizeram essa montagem”, conta Letícia.
O que fazer se sua conta for vítima de um golpe digital?
Caso você seja uma vítima desses golpes virtuais, algumas recomendações podem ajudar na hora de recuperar a sua conta. De acordo com Mauricio Paranhos, a primeira medida a ser tomada é tentar trocar a senha e recuperar o acesso à conta. Se não der certo, o próximo passo é entrar em contato com a rede social, solicitando o bloqueio da conta e a recuperação.
“Cada uma tem um procedimento a seguir, algumas você vai enviar por e-mail, outras você vai seguir o procedimento que você vai até gravar um vídeo seu, de forma on-line, para demonstrar que ‘você é você mesmo'”. Caso esses dois passos não funcionem, a recomendação é que se tome uma ação judicial para tentar reaver a conta.
Além das medidas de recuperação de usuário, Carlos Afonso Gonçalves da Silva, delegado divisionário de polícia responsável pela Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER) de São Paulo, afirma que é importante, caso esse tipo de invasão aconteça com você, registrar um boletim de ocorrência.
O delegado conta que, se a conta hackeada for utilizada para aplicar golpes ou houver algum crime, pode haver intervenção policial, iniciando uma investigação. Contudo, Carlos ressalta que casos isolados que não registrarem atividade criminosa se configuram como ilícitos civis, não havendo a atuação da polícia e o caso deverá ser direcionado à justiça.
Como eu posso me proteger e evitar golpes digitais?
Para o delegado responsável pela DCCIBER, uma das melhores formas de se proteger dos golpes digitais é seguir a regra dos “três nãos”: não atenda, não responda e não clique.
“Quando você recebe um número que você não tem cadastrado na sua agenda, alguém que não é do seu convívio social e aquele seu telefone é um telefone particular, provavelmente é um golpe. […] Se você recebeu uma mensagem de uma pessoa que, da mesma forma que o telefone, você não tenha cadastrado, não responda, porque também há uma grande possibilidade de isso ser um golpe. […] Se você receber um link, por mais atrativo que seja aquele link – por exemplo: ‘segue o comprovante do depósito que eu fiz de R$ 1,8 milhão na sua conta’ – é um golpe”, explica Carlos Afonso.
O especialista em segurança digital Mauricio Paranhos também fala sobre alguns procedimentos que podem ser adotados pelos usuários para dificultar a vida dos criminosos que tentarem invadir a sua conta: não compartilhar usuário e senha com ninguém, utilizar senhas fortes – com caracteres especiais e números – e sempre utilizar senhas diferentes para cada conta e site. “Sempre tomar cuidado, sempre desconfiar, infelizmente, quando a gente fala de segurança, desconfiar é sempre uma coisa positiva”, ressalta Mauricio.
Onde encontrar ajuda?
Para auxiliar os usuários que tiveram suas contas hackeadas, a DCCIBER disponibilizou um compilado de links das principais redes sociais que direcionam o internauta direto para o local onde serão realizados os primeiros passos para a recuperação da conta. Confira aqui.
Visando informar e ajudar a população a se proteger dos golpes digitais, a Polícia Civil também disponibiliza uma cartilha que ajuda a identificar os principais tipos de golpe, como evitá-los no cotidiano e o que fazer caso você seja uma vítima. Confira aqui.
Veja 6 passos de como se proteger contra golpes digitais:
- Sempre utilize senhas diferentes para suas contas, não repita as senhas entre os aplicativos.
- Crie senhas fortes, mesclando letras maiúsculas, minúsculas, caracteres especiais e números.
- Para não esquecer das suas senhas, salve elas em um aplicativo de segurança que possua criptografia para proteção de seus dados.
- Não salve senhas nos navegadores. Apesar da praticidade, você estará vulnerável caso haja um vazamento de dados.
- Ative a autenticação por dois fatores. Muitas redes sociais já oferecem essa ferramenta para aumentar a segurança, mas há também aplicativos que realizam essa função.
- Desconfie. Tome cuidado com links, ligações, mensagens de texto de desconhecidos, promoções incomuns, premiações inesperadas e não compartilhe suas senhas.