Mais de 300 tratores e máquinas agrícolas são abençoados durante a 123ª Romaria Votiva de Nossa Senhora de Caravaggio em Farroupilha
Um dia de safra dedicado à devoção a Nossa Senhora de Caravaggio. Assim pode ser definida a Romaria Votiva em honra à Padroeira da Diocese de Caxias do Sul, que acontece todos os anos em 02 de fevereiro, no Santuário, em Farroupilha. E nesta quinta-feira, 02 de fevereiro de 2023, não foi diferente: milhares de pessoas, sobretudo agricultores que vivem da vitivinicultura deixaram suas terras, seus parreirais para se dirigir à Casa da Mãe com suas famílias, na 123ª edição da Romaria Votiva.
No final do século XIX, Farroupilha e região enfrentou uma grande estiagem. Já eram cerca de seis meses que não chovia. No dia 02 de fevereiro de 1899, realizou-se uma procissão para implorar a graça da chuva. Agricultores de várias comunidades vizinhas se dirigiram à Caravaggio a pé em uma caminhada de oração e penitência para suplicar a intercessão de Nossa Senhora. No mesmo dia, ocorreu uma chuva torrencial, que marcou profundamente o povo de toda a região. A chuva foi recebida como uma graça extraordinária. O padre e os paroquianos emitiram o voto de ser feita todos os anos, em fevereiro, uma festa de agradecimento a Nossa Senhora pela graça da chuva. É assim denominada a Romaria Votiva, que ocorre anualmente no dia 02 de fevereiro.
“Fonte viva e copiosa, rogai por nós” é o lema desta edição, que recorda a aparição na Itália e está representada em um dos novos vitrais do Santuário. O dia 02 fevereiro de 2023 iniciou com a Missa às 08h, com o Santuário lotado de fiéis. Não demorou muito e a esplanada foi ficando repleta de tratores e máquinas agrícolas que traziam os agricultores e suas famílias. E assim se perfilaram, em filas no pátio da Casa da Mãe. Da mesma forma, muitos automóveis e motocicletas também chegaram aos estacionamentos do complexo do Santuário.
Às 10h, com a igreja igualmente repleta e centenas de pessoas no pátio do Santuário, foi celebrada a Missa solene da 123ª Romaria Votiva de Nossa Senhora de Caravaggio, presidida pelo bispo diocesano de Caxias do Sul, Dom José Gislon e concelebrada pelo bispo emérito, Dom Alessandro Ruffinoni, pelo reitor padre Ricardo Fontana, além de diversos padres diocesanos e religiosos. No início da celebração, ainda na porta do templo, o bispo realizou o rito da bênção das velas, porque a Igreja celebra, em 02 de fevereiro, 40 dias depois do Natal, a festa da Apresentação do Senhor, isto é, do Cristo Luz do Mundo, e o Dia Mundial da Vida Consagrada.
Em sua homilia, Dom Gislon salientou a necessidade de cuidar do meio ambiente, porque é a casa comum de todos os seres vivos. Ele também enalteceu a esperança e a perseverança dos agricultores. Em sinal de oração, pediu cuidado especial com as nascentes de água. “Santíssima Mãe de Caravaggio, ensina-nos a servir ao Senhor com a alegria, mas também a sermos solidários com os irmãos que padecem com a seca que atinge as plantações, acima de tudo com as realidades que ferem a vida, dom de Deus. Que saibamos render graças ao Senhor e cuidarmos da casa comum, de modo especial das nascentes de água, da qual dependem a vida de todas as criaturas e das plantações”, salientou.
A Eucaristia também reuniu diversos seminaristas, noviços e também religiosas, a comunidade do Santuário e da Paróquia Nossa Senhora de Caravaggio, além de diversas autoridades do município de Farroupilha. A 123ª Romaria Votiva abre as atividades alusivas aos 60 anos do novo Santuário, inaugurado no dia 03 de fevereiro de 1963. Dom Gislon também recordou os benfeitores vivos e falecidos, que colaboraram com a construção do templo e com o seu embelezamento seja por meio da conservação feita ao longo das seis décadas e da colocação dos vitrais decorativos, realizada ao longo de 2022. Em virtude da data, diversas entidades foram homenageadas com um troféu onde está representada a fachada do templo, entre elas a Diocese de Caxias do Sul, a Rádio Miriam Caravaggio e a prefeitura de Farroupilha.
Ao final da Missa, teve início a tradicional procissão com os mais de 300 tratores e máquinas agrícolas pela avenida Dom José Baréa. À frente, a réplica do primeiro capitel construído em honra a Nossa Senhora de Caravaggio, o carro andor com a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio e a Kombi 1974do Santuário, com os benfeitores que ajudaram na construção do Santuário há 60 anos. Ao retornarem ao Santuário, foram abençoados os implementos e os agricultores.
Diante da imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, o reitor do Santuário de Caravaggio, padre Ricardo Fontana, saudou a todos os presentes e recordou a história da chegada do pequeno quadro de Maria Santíssima que apareceu em Caravaggio, em 1879 e o início da devoção. “Aqui, diante da milagrosa imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, que nosso povo alcançou copiosas graças. Em 1899, a estiagem, a terra estava árida e as fontes secaram. Em 02 de fevereiro daquele ano, nossos agricultores se reuniram aqui, neste lugar sagrado, para pedir a chuva. Um dia de vento seco terminou com abundantes chuvas. Aqui estamos nós, 123 anos depois, oferecendo as primícias de nossa colheita ao Senhor, por Maria”, salientou.
Logo depois, no Restaurante Panorâmico do Santuário foi servido um almoço de confraternização. A programação segue na tarde desta quinta-feira, 02 de fevereiro, com Missas às 15h e 17h, tendo a bênção da garganta, por intercessão de São Brás, que será celebrado na sexta-feira, dia 03, além da récita do Terço, às 18h.
Preparação à 123ª Romaria Votiva
A programação iniciou-se no dia 24 de janeiro com celebrações que envolveram diversas comunidades de Pinto Bandeira, Nova Roma do Sul, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Farroupilha. Participaram da novena as paróquias de Nossa Senhora de Caravaggio (Farroupilha/ Flores da Cunha), São Pedro e São Paulo (Nova Roma do Sul), Santo Antônio (Forqueta – Caxias do Sul), São Marcos (Farroupilha), Santa Cruz (Nova Milano – Farroupilha), Jesus Ressuscitado (Farroupilha), Nossa Senhora do Rosário de Pompéia (Pinto Bandeira), Jesus Bom Pastor (Farroupilha) e Sagrado Coração (Farroupilha).
Em cada celebração, as paróquias demonstraram emoção, entrega e devoção. Os líderes de cada comunidade levaram até o altar símbolos representando suas localidades, juntamente com cestas de frutas, resultado do trabalho árduo dos agricultores de cada paróquia.