MP afirma que áudio que levou ao cancelamento de júri foi encaminhado ao celular do pai de Rafael
Foi concluída nessa segunda-feira, 02, a análise sobre o áudio que levou ao cancelamento do júri do caso Rafael no fim de março, em Planalto. De acordo com a acusação, o áudio encaminhado ao pai de Rafael em 15 de Maio de 2020 não foi feita naquele dia.
O parecer é uma resposta a perícia particular juntada pela defesa de Alexandra Salete Dougokenski na semana passada no processo. Os advogados da ré pediram à Justiça, com base na análise, a revogação da prisão e a nulidade do processo.
O impasse surgiu porque a gravação foi extraída com data de 15 de maio de 2020, às 20h33min, enquanto a acusação afirma que o menino foi morto entre o fim da noite de 14 de maio de 2020 e o início da madrugada do dia 15.
A reportagem da Rádio Uirapuru acompanhou, em Planalto, no dia 21 de março, o início do júri, onde a defesa alegou ter descoberto o áudio recentemente, ao analisar o material do processo, e pediu à Justiça que a gravação fosse periciada. O pedido não foi atendido e a banca abandonou o plenário com apenas 11 minutos de duração.
SOBRE O ÁUDIO
A gravação foi analisada. Ela foi extraída do celular do pai de Rafael Rodrigo Winques. No arquivo, nota-se que uma criança diz “ Sim, ela tá falando com a minha mãe ali”, com apenas três segundos de duração.
Segundo a análise realizada pelo Núcleo de Inteligência do MP, o áudio foi recebido no celular do pai, e não criado no aparelho dele. Conforme o promotor Diogo Gomes Taborda, que atua no processo, não foi possível identificar quem foi a pessoa que encaminhou o áudio ao agricultor.
PERÍCIA PARTICULAR
A defesa entrou com recurso e pediu ao Tribunal de Justiça que seja realizada análise pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP). Esse pedido ainda precisa ser analisado pelos desembargadores. Em paralelo, a defesa encaminhou o áudio para perícia particular.
O parecer foi realizado, a pedido da defesa, por quatro peritos. É com base neste documento que os advogados entraram com nova solicitação. A perícia aponta que a gravação foi criada em 15 de maio de 2020, às 20h33min, no celular do pai e que a voz “se apresenta semelhante” à de Rafael, em razão do sotaque e da fonética. A defesa sustenta que os familiares também reconheceram a voz como de Rafael.
Em todas as versões que apresentou ao longo do caso, na polícia ou no Judiciário, Alexandra indicou que a morte de Rafael aconteceu entre o fim da noite de 14 de maio e a madrugada do dia 15. Quando questionado sobre isso, o criminalista afirma que a cliente estava com medo de declarar a verdade.
Assistente de acusação, responsável por representar o pai de Rafael no caso, o advogado Daniel Tonetto rechaça qualquer possibilidade de envolvimento do cliente na morte do filho. Na época do desaparecimento de Rafael, Rodrigo chegou a ser investigado pela polícia. No entanto, a apuração concluiu que na data do sumiço, dia 14, o agricultor estava em Bento Gonçalves, na Serra, onde residia, e só teria se deslocado para Planalto no dia 16, após saber do desaparecimento do filho. Alexandra e Rodrigo já estavam separados nessa época.
O Judiciário deu vista ao MP para que se manifeste sobre a perícia particular e sobre os pedidos realizados pela defesa. Após essa etapa, a juíza Marilene Campagna deve tomar nova decisão sobre o caso. Ainda não há nova data para o julgamento do processo.
Informações: GaúchaZH, RSAgora e Rádio Uirapuru.