‘Tentamos conversar’, dizem torcedores do VEC feridos na partida contra o Avenida
O dia 30 de outubro, é uma data que ficará marcada na história do futebol veranense. Aquele sábado ensolarado no Estádio Antônio David Farina, era aguardado por muitos, pois colocava frente a frente, Veranópolis e Avenida, que duelavam pelo sonho do acesso à elite do futebol gaúcho, dois anos após a queda de ambas equipes.
Ao final daquela fatídica tarde, o VEC se despediu da Série A2. O Pentacolor deixou a competição nas quartas de final, após derrota de 1 a 0, frustrando o sonho do acesso e adiando-o para a próxima temporada, o desejo de um clube e uma cidade respeitados, que permaneceu por 26 temporadas consecutivas na elite do futebol gaúcho.
Mas nesse dia, o verdadeiro futebol ficou em segundo plano, em função de uma confusão generalizada, ocorrida inicialmente entre torcida e Brigada Militar e, em um segundo momento, entre dirigentes e jogadores das equipes.
Aquele sábado deveria ser de felicidade para todos os torcedores que foram ao Estádio vibrar pelo VEC, mas em meio aos confrontos, a torcida organizada Raça Pentacolor não conseguiu assistir à partida total. Isso porque, aos 15 minutos do 2º tempo, foi expulsa do local. Dessa confusão, dois torcedores restaram feridos. Arthur Arcari e Bernardo Cozer, foram atingidos por disparos de munições não letais, e mesmo assim, sofreram graves ferimentos nas pernas, tendo que ficar hospitalizados por alguns dias.
Em conversa com a reportagem da Studio, os torcedores contaram a versão deles diante dos fatos.
Eles contam que a confusão começou logo após o gol do Avenida, quando a torcida adversária começou a provocar. Naquele momento, uma discussão iniciou entre elas, sem nenhuma agressão. Por conta disso, a polícia chegou até o grupo, quando o torcedor Arthur conversou com eles, resolvendo a situação. A polícia só havia pedido para que a torcida não subisse no alambrado e nem arremessasse nada em direção ao gramado.
Em um lance de escanteio, porém, a torcida pentacolor arremessou um líquido em direção ao gramado. “A gente sabe que não é o correto, mas foi somente um líquido que foi arremessado em campo, nada de copo, lata ou pedra”, relata um deles. A partir desse momento, o policiamento foi em direção à torcida, mandando o grupo sair do local. “Começamos a sair, mas o portão é pequeno, não sai mais de uma pessoa por vez. Aos poucos a gente foi saindo e ficando ali fora. Não tínhamos nada em mãos para arremessar, nem entre as torcidas, nem contra os policiais. Não tinha pedra, nem garrafa”, contam.
Em meio a saída de forma mais lenta pelo espaço ser pequeno – como mencionado – ainda tentando dialogar com os policiais, eles foram atingidos por disparos, com armamento para controle de distúrbios, utilizando-se de munições não letais e precisaram ser conduzidos ao hospital, devido a gravidade dos ferimentos.
Ao chegar na casa de saúde, os dois torcedores foram internados para primeiros socorros e controle de possíveis infecções que poderiam agravar a situação. Segundo laudo médico, o estrago nos jovens foi grande. Na perna de um deles, o tiro não pegou em cheio, ao contrário do outro, que fez um buraco e chegou até o músculo. No primeiro, pegou de raspão, abrindo um buraco maior, de cerca de 10cm de diâmetro.
Arthur recebeu alta do hospital na quarta-feira, 03 de novembro, cinco dias após o jogo. Bernardo recebeu alta no sábado, 06 de novembro, após uma semana de internação.