Projeto incentiva plantio de lúpulo no Rio Grande do Sul

Na última segunda-feira (28/09), foi realizada a primeira vídeo-reunião com o grupo de produtores e produtoras, técnicos e pesquisadores que integram o Projeto Monitoramento e Desenvolvimento da Cultura do Lúpulo no Rio Grande do Sul. O encontro virtual teve como objetivo dar início oficial ao processo que vai se dar o acompanhamento da cultura do lúpulo e visitas às propriedades. 

O projeto começou a mapear o potencial gaúcho de produção do insumo utilizado na cerveja. A iniciativa conjunta da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), com a Emater/RS-Ascar, tem por objetivo levantar informações a respeito da cultura e, assim, fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva no Estado. 

A fase inicial do projeto – que terá a duração de 12 meses (até agosto de 2021) – consiste na realização de ações em seis propriedades rurais localizadas em Bom Jesus, São Francisco de Paula, Serafina Côrrea, Vacaria e Nova Petrópolis, denominadas unidades de acompanhamento, sem nenhum custo ou remuneração aos agricultores participantes. Em cada uma delas será observada a rotina agronômica do cultivo do lúpulo; coleta de dados sobre o desenvolvimento das plantas; coleta de dados agrometeorológicos; coleta e análise de solo; dias de campo para treinamento da equipe técnica do projeto e levantamento de informações socioeconômicas da cultura do lúpulo. É importante destacar a participação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), por meio do curso de Tecnologia de Alimentos, campus Caxias do Sul, e da Associação Gaúcha de Microcervejarias.

De acordo com o gerente de Planejamento da Emater/RS-Ascar, Rogério Mazzardo, essa é uma cultura que esteve muitos anos no Estado restrita a imigrantes que produziam sua própria cerveja. Hoje, vem crescendo, por meio do esforço e empenho de alguns agricultores e empreendedores que vislumbram o lúpulo como uma alternativa econômica. “Eles estão cultivando, mesmo que ainda com poucas informações ou com algumas informações trazidas de fora, e adaptando os cultivares, porque ainda não temos uma cultivar desenvolvida aqui no RS. Então as cultivares que temos estão vindo de outros países e estão sendo adaptadas à região”, explicou. 

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Mazzardo acrescenta que tem algumas iniciativas de cultivo do lúpulo também no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. “Mas o RS é um dos principais polos e está à frente do cultivo do lúpulo. Isso porque ele está localizado na região da Serra gaúcha, onde há muitos anos imigrantes trouxeram sementes de cevada e mudas de lúpulo para cultivar e produzir sua própria cerveja”. 

Nas seis unidades de acompanhamento serão feitas coletas de solo, para verificar a fertilidade e as exigências nutricionais dessas plantas. Também será feito um acompanhamento dessa evolução da cultura na região, bem como realizados encontros entre esses agricultores para discutir algumas estratégias e capacitações a respeito da cultura. “É o início de ações com a cultura, então ela tem todo um trabalho a ser desenvolvido. E, na sequência, outros produtores e entidades serão convidados a participar”. 

Motivação

De acordo com o pesquisador da Seapdr, Alexander Cenci, a iniciativa surgiu a partir de uma demanda da Câmara Setorial das Bebidas Regionais, reativada no final do ano passado. “A partir desse momento, a Seapdr foi solicitada a desencadear ações na área da produção de lúpulo em função do contexto microcervejeiro que o Estado tem. “Para se ter uma ideia, das três principais cidades do país que possuem microcervejarias, duas estão no RS: Porto Alegre e Caxias do Sul. E o lúpulo é um dos insumos mais caros na produção de cerveja, pois ele é principalmente importado da Alemanha e EUA”. 

Diante disso, a possibilidade de produzir um lúpulo a um custo mais baixo e também com as características regionais, tanto da Serra como do RS todo, possibilita que se desenvolva um produto com as características locais. “Essa estratégia de desenvolver uma cerveja com esse contexto também é um atrativo para que se incentive a produção de lúpulo, além da alternativa de baratear o custo e ter a possibilidade de produzir cervejas com uma flor mais recentemente colhida, que dá a possibilidade de características mais específicas na cerveja”, avalia Cenci. 

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Maria Lupulina

A estudante de Agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Victória Silva Felini, e sua irmã, a designer Letícia Felini, de Bom Jesus, mantêm uma das seis unidades de acompanhamento envolvidas no projeto. Tudo começou porque o cunhado de Victória produzia cerveja artesanal e comentava que o lúpulo era o insumo mais caro por ser importado. “Eu não conhecia a cultura do lúpulo mesmo fazendo Agronomia, então fomos conhecer uma lavoura em Gramado no final de 2018 e ficamos apaixonadas pela planta. E foi assim que trouxemos mudas para Bom Jesus, onde nasceu a nossa produção de lúpulo, batizada de Maria Lupulina, por se tratar de uma propriedade e produção feita por mulheres e como forma de homenagear a nossa mãe, que tem como primeiro nome Maria”. 

A área de cultivo ainda é pequena, quase meio hectare, “mas vamos aumentar. Almejamos aumentar a produção com o cultivo de mais de um hectare”, anuncia Victória. O foco principal é o mercado cervejeiro artesanal. “Queremos oferecer o ingrediente de altíssima qualidade. Estamos muito empolgados com nossa primeira colheita, na qual vamos colher muito lúpulo esse ano”, diz a jovem produtora. 

Victória destaca que como produtores é preciso se preocupar com todo o ciclo: colheita, secagem, armazenagem, embalagem e comercialização. “Como ainda é pouco conhecido, temos de ir atrás dos clientes, mostrar nosso produto, o que a acaba dificultando e deixando o trabalho ainda maior, encarecendo muito, inclusive. Mas estamos indo pelo caminho certo, porque essas pesquisas e parcerias vão nos ajudar muito e isso vai ser importante para todos os produtores. Com essa parceria, a gente vai conseguir fazer com que consolide cada vez mais o mercado do lúpulo. Nós da Maria Lupulina acreditamos muito no potencial da cultura, desenvolvimento e expansão de mercado”.

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Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar 

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