Projeto irá resgatar e conservar parte da diversidade genética da erva-mate no Rio Grande do Sul

Um projeto que objetiva resgatar, multiplicar e conservar o material genético de erva-mate (Ilex paraguariensis) de árvores matrizes selecionadas nos remanescentes florestais nativos no Rio Grande do Sul, começa a ser estruturado como ação do Programa Gaúcho para a Qualidade e a Valorização da Erva-mate. As tratativas já estão feitas e a estruturação técnica e operacional sendo formatada. O projeto tem a previsão de inicio ainda em 2020, com intensificação nos cinco polos ervateiros do Estado a partir de 2021

Desenvolvido em parceria com as instituições da cadeia produtiva ervateira, este projeto tem a finalidade de perpetuar para gerações futuras a base genética dos ervais gaúchos, evitando uma perda irrecuperável desses materiais, que até então conseguiram sobreviver e evoluir diante das mudanças no uso da terra e a perda da cobertura de floresta nativa.

O projeto prevê três etapas distintas, que são: resgate, multiplicação e conservação. A primeira delas consiste na identificação de cada árvore doadora do genótipo, a segunda, na coleta e multiplicação do material identificado e a terceira, na conservação em bancos de germoplasma, constituídos para tal, e reintrodução dos materiais genéticos resgatados nos locais de origem. Não necessariamente, a seleção do material irá visar melhoramento, mas sim, a preservação da diversidade.

De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista da Emater/RS-Ascar, Ilvandro Barreto de Melo, esse projeto, Programa Gaúcho para a Qualidade e a Valorização da Erva-mate, segue independente, conforme o modelo de gestão adotado pelo Programa, baseado em projetos autônomos. “Temos vários projetos como boas práticas agrícolas, boas práticas de fabricação para a erva-mate e derivados, o diagnóstico nutricional dos ervais e o turismo com erva-mate, que seguirão sendo feitos”, explicou. A soma destes projetos e de outros que poderão surgir, compõe a temática planejada e executada estrategicamente pelo programa.

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Melo ainda reforça que embora o projeto tenha alcance estadual, a sua formatação seguirá a estrutura geográfica dos polos ervateiros do RS, com a finalidade de respeitar ao máximo a característica e a distribuição das populações locais da espécie em acordo a cada região ervateira do Estado.

“Devido à complexidade em que o projeto se insere, a participação multidisciplinar e interinstitucional será fundamental para que na prática os objetivos sejam alcançados. É difícil de avaliar o valor de um projeto dessa magnitude pelo que representa, pois permitirá conservar na linha do tempo para as futuras gerações, parte da expressiva diversidade genética presente na árvore símbolo do Rio Grande do Sul, que além de economia, é cultura, convivência social, sustentabilidade, identidade e simbolismo do povo sul-americano”, avalia Melo

Com esse resgate, além de garantir a preservação de cada genótipo identificado, muitos materiais hoje não reconhecidos poderão trazer ganhos importantes à cadeia produtiva em acordo às suas características e particularidades, passando de um simples objeto de preservação à oportunidade para se desenvolverem novas cultivares de erva-mate com aplicabilidade técnica e benefícios diversos.

Para o extensionista da Emater/RS-Ascar e coordenador geral do Programa Gaúcho para a Qualidade e a Valorização da Erva-mate Estadual, Antonio Borba, este projeto representa uma importante contribuição para as atuais e futuras gerações de gaúchos e brasileiros, tendo em vista os impactos esperados para a conservação ambiental, em geral, e da espécie, em particular, bem como para a economia e a sociedade, considerando o valor que a erva-mate apresenta na geração de emprego e renda, na cultura e na vida da população do estado do Rio Grande do Sul.

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