Cesta básica já consome mais de metade do salário mínimo: impacto é o maior desde 2020
Novo piso de R$ 1.518 permite adquirir 1,79 cesta básica, mas inflação pressiona orçamento familiar.
O aumento do salário mínimo para R$ 1.518, em vigor desde 1º de janeiro, trouxe um alívio financeiro para muitos brasileiros, mas também evidenciou o impacto dos altos custos da cesta básica. Estimada em R$ 850 pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a cesta básica compromete 56% do novo piso nacional, marcando o maior comprometimento desde 2020. Apesar disso, o poder de compra cresceu ligeiramente, com o novo salário mínimo permitindo a aquisição de 1,79 cesta, contra 1,78 no início de 2024.
O grupo de alimentos essenciais que compõe a cesta básica inclui 13 itens, como carne, leite, feijão, arroz e óleo, definidos desde 1938 para medir o custo de sobrevivência de uma família. A inflação acumulada no final de 2024 elevou os preços nas 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, com aumentos variando de 1,85% em Porto Alegre a 10,72% em Campo Grande. O maior custo foi registrado em São Paulo, referência para os cálculos nacionais.
Embora o reajuste de R$ 106 no salário mínimo tenha resultado em um aumento real de 2,5% acima da inflação, o impacto é limitado diante do custo elevado da cesta e de outros gastos essenciais. O Dieese calcula que o salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas seria de R$ 6.959,31, equivalente a quase cinco vezes o valor atual. Esses dados reforçam a disparidade entre o piso nacional e as necessidades reais das famílias brasileiras.
Com o salário mínimo impactando a vida de 59,9 milhões de brasileiros, incluindo beneficiários do INSS e programas sociais, cada R$ 1 de aumento tem um custo anual de R$ 365,9 milhões para a Previdência Social. Esses números destacam o desafio do governo em equilibrar reajustes salariais com a sustentabilidade fiscal, enquanto tenta reduzir os efeitos da inflação no orçamento das famílias.