Na manhã desta quarta-feira (11/12), a Polícia Civil, através da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, realizou a Operação Namastê. A ação incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão em uma comunidade alternativa localizada no bairro Cantagalo, na divisa entre Porto Alegre e Viamão.
Durante a operação, foram apreendidos documentos, computadores, celulares e máquinas de cartão, além de diversas fotografias. Os investigados estão envolvidos em crimes como tortura psicológica, curandeirismo, estelionato e outras violações previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
A comunidade investigada também mantinha uma sede no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, onde vendiam produtos como pães, mas esta foi desativada recentemente.
Denúncias e investigação
De acordo com a Delegada Jeiselaure de Souza, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, a investigação teve início após ex-integrantes denunciarem ao Ministério Público uma série de atos violentos praticados pelo líder da comunidade. As vítimas relataram terem procurado o local com o objetivo de participar de imersões e terapias bioenergéticas alternativas, meditações e outros rituais, incluindo práticas controversas como sexo livre sob o pretexto terapêutico.
Entre as denúncias, há relatos de que crianças eram expostas às atividades realizadas na comunidade. Os pacotes de imersão variavam de R$ 8.000,00 a R$ 12.000,00, e os integrantes que decidiam morar no local pagavam uma mensalidade, além de participarem de atividades como a venda de pães e cadernos, supostamente em prol da comunidade.
Crimes financeiros e desvios milionários
As vítimas relataram que sofreram tortura psicológica, violência física e patrimonial, além de serem coagidas a realizar empréstimos bancários para financiar a comunidade. A investigação aponta que o líder desviou mais de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) para benefício próprio, utilizando os valores em viagens luxuosas, apostas online e investimentos pessoais.
Além disso, os integrantes acumulam prejuízos superiores a R$ 4.000.000,00 em razão das dívidas contraídas. Após a pandemia, o esquema financeiro se intensificou, aumentando a exploração dos integrantes.