Venezuela acusa Brasil de desinformar a comunidade internacional em meio a tensões diplomáticas
O governo venezuelano acusou o Brasil, neste sábado (2), de promover uma campanha para “enganar” a comunidade internacional, alegando que o Itamaraty tenta se passar por vítima em uma situação de conflito diplomático. A acusação foi feita um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciar o “tom ofensivo” de autoridades venezuelanas, intensificando a tensão entre os países.
As relações se deterioraram após o veto do Brasil à entrada da Venezuela no Brics, aliança de economias emergentes que inclui o Brasil, além de China, Índia, Rússia e África do Sul. A recusa do Brasil em apoiar a adesão venezuelana gerou fortes reações do governo de Nicolás Maduro, que também enfrenta questionamentos brasileiros sobre a legitimidade de sua reeleição para um terceiro mandato. A oposição venezuelana acusa Maduro de fraude nas eleições, nas quais o candidato Edmundo González Urrutia reivindica vitória.
Em resposta às ações brasileiras, o governo de Maduro convocou seu embaixador em Brasília para consultas e exigiu explicações do encarregado de negócios brasileiro em Caracas. Além disso, uma publicação polêmica da Polícia Nacional da Venezuela (PNB) trouxe uma imagem insinuando um ataque a quem se opuser ao país, com uma silhueta semelhante ao presidente Lula ao lado da bandeira brasileira. A publicação, interpretada como provocativa, foi deletada no sábado.
O chanceler venezuelano, Yván Gil, expressou descontentamento com a postura do Brasil, sem mencionar Lula diretamente, mas instando o Itamaraty a “desistir de se envolver em assuntos internos venezuelanos”. A crise entre Brasil e Venezuela reflete um momento de maior tensão na política externa regional, onde questões de soberania e legitimidade eleitoral são agora pontos centrais de atrito.