O mercado do boi gordo no Brasil vive um momento de recordes, com a arroba chegando a ser negociada a R$ 350 em São Paulo para pagamentos a prazo. Esse valor é o mais alto registrado na atual temporada e reflete uma alta demanda das indústrias frigoríficas, que têm encontrado dificuldade para manter escalas de abate suficientes. De acordo com o analista Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, as escalas estão em torno de quatro a cinco dias úteis, especialmente nas indústrias exportadoras, o que incentiva uma postura agressiva nas compras.
Outro fator que sustenta a elevação dos preços é o mercado externo, que continua atrativo para as exportações brasileiras, em grande parte pela desvalorização do real, o que torna a carne brasileira mais competitiva. O volume de carne exportado no segundo semestre está em ritmo forte, e isso amplia a procura interna pelo boi gordo. No mercado interno, a média do preço da arroba em outros estados é mais baixa que em São Paulo: em Goiás, a arroba é cotada a R$ 331,43, e em Minas Gerais, a R$ 329,41.
A expectativa de alta também é observada no mercado atacadista, com preços firmes para diferentes cortes de carne bovina. Dados da Safras indicam que o quarto traseiro está sendo comercializado a R$ 24,00 o quilo e o dianteiro a R$ 19,50. Com a renda limitada, o consumidor brasileiro tem voltado parte de sua preferência para a carne de frango, que ganha competitividade, mas a carne bovina mantém demanda em alta, principalmente na primeira quinzena do mês.
No cenário cambial, o dólar comercial encerrou a última sessão com alta de 0,33%, cotado a R$ 5,79 para venda. Esse movimento de valorização da moeda americana adiciona pressão sobre os custos do setor, especialmente para insumos e maquinários importados, mas continua incentivando o setor exportador a manter o ritmo elevado.