O governo federal prepara um pacote de corte de gastos que abordará supersalários no serviço público e a criação de um imposto sobre grandes fortunas, conforme adiantado pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. O anúncio oficial será feito na noite desta quarta-feira (27) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em cadeia nacional de rádio e TV.
Em entrevista coletiva realizada hoje, Marinho antecipou alguns pontos das medidas, destacando: “Supersalários, imposto para super-ricos, vem tudo aí. Pacote completo”. Questionado sobre possíveis ajustes na tabela do Imposto de Renda, o ministro limitou-se a afirmar: “Tudo”, sem fornecer mais detalhes.
Seguro-desemprego e abono
Sobre o seguro-desemprego, Marinho garantiu que não haverá mudanças nas regras. Ele revelou que o tema foi inicialmente considerado, mas acabou descartado. “Não há mudança de regra para o seguro-desemprego, por exemplo, mas vamos aguardar os detalhes. Se não eu vou furar o olho do colega [ministro da Fazenda, Fernando Haddad]”, brincou. Em relação ao abono salarial, o ministro não confirmou nem desmentiu eventuais alterações.
Anúncio oficial e cronograma
O pacote será detalhado em entrevista coletiva nesta quinta-feira (28). Segundo o governo, as medidas visam evitar o estouro do limite de despesas previsto no arcabouço fiscal até 2027. O marco, instituído no ano passado, restringe o crescimento real das despesas a 70% do aumento das receitas, com um teto de 2,5% acima da inflação ao ano.
Participação do Ministério do Trabalho
Marinho lembrou que, em outubro, chegou a ameaçar pedir demissão caso seu ministério não fosse ouvido na formulação do pacote. “Eu disse [em outubro] que, se não fosse ouvido, eu pediria demissão. Mas fui envolvido. Participei do debate. Hoje Haddad fará o pronunciamento. Amanhã serão anunciados os detalhes. Lá tem as minhas digitais nos debates lá colocados”, afirmou.
Outras medidas em destaque
Além dos temas já mencionados, o pacote também contemplará, segundo Haddad, reformas na previdência dos militares, a reformulação do Vale Gás e a limitação dos supersalários no funcionalismo público federal. As iniciativas buscam alinhar o ritmo de crescimento das despesas públicas às receitas, promovendo equilíbrio fiscal.
De acordo com Marinho, o pacote é essencial para corrigir o descompasso orçamentário: “A PEC da Transição resolveu um problema herdado do governo anterior e garantiu que a economia funcionasse por dois anos. Agora é preciso ajustar a velocidade de despesas com receitas. No ano passado, o Congresso não aprovou todo o desejado [pelo governo]”, concluiu.
Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/11/2024 – 16:51