Dólar tem disparada histórica, ultrapassa R$ 5,86 e intensifica pressão econômica

O valor do dólar frente ao real atingiu R$ 5,8698 na última sexta-feira (1º), o que representa o segundo maior nível nominal já registrado para a moeda americana, levando em conta o ajuste pela inflação. A última alta semelhante ocorreu em 2020, quando o dólar chegou a R$ 5,9007. O crescimento da moeda americana contrasta com o desempenho da bolsa de valores, que fechou em queda, enquanto investidores reavaliam riscos locais e internacionais.

Um dos principais fatores por trás dessa valorização é a inquietação no mercado financeiro diante das incertezas sobre os ajustes fiscais no Brasil. A equipe econômica do governo federal ainda não anunciou os cortes de gastos prometidos para cumprir a meta de déficit zero nas contas públicas em 2024. Com valores entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões sendo cogitados para corte, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que apresentará as medidas em breve, mas não especificou uma data, uma vez que a decisão final depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No cenário externo, as próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos acentuam a tensão entre investidores, principalmente pela possibilidade de um novo ciclo de políticas mais protecionistas caso o republicano Donald Trump, favorito nas pesquisas, retorne ao cargo. A democrata Kamala Harris representa a oposição nessa disputa, que ocorre em um cenário de desaceleração do mercado de trabalho americano, com criação de apenas 12 mil vagas em outubro, muito abaixo das expectativas.

Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, o cenário econômico global pode pressionar o Federal Reserve a ajustar as taxas de juros, atualmente entre 4,75% e 5% ao ano. Cruz alerta, no entanto, que um possível corte nos juros pode indicar um risco de desaceleração mais profunda na economia dos Estados Unidos, o que pode ter efeitos para países emergentes, como o Brasil.

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