Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) identificou 16.862 eventos de movimentação de massa no Rio Grande do Sul, provocados pelas intensas chuvas entre maio e agosto de 2024. O levantamento analisou 18 mil km² e concentrou-se nas regiões da Serra Gaúcha, Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo e Quarta Colônia.
Caxias do Sul e Veranópolis foram os municípios com mais ocorrências de deslizamentos, registrando 656 e 636 cicatrizes de movimentação de massa, respectivamente. O estudo foi realizado com imagens de satélite de alta resolução e trabalho de campo, e os dados foram publicados em Nota Técnica Conjunta pelo Instituto de Geociências (IGeo/UFRGS), pelo Laboratório Latitude e pelo Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia (CEPSRM).
O coordenador do estudo, professor Clódis Andrades-Filho, explicou que as chuvas mais intensas foram registradas no nordeste do Estado, área de relevo acidentado, onde se verificaram deslizamentos, fluxos de detritos, queda de blocos e rastejo do solo principalmente nas encostas dos vales durante abril e maio.
O mapeamento revelou um total de 15.376 cicatrizes e 16.862 pontos de ruptura nas áreas analisadas, configurando o maior evento de movimentação de massa já registrado no Brasil. A última ocorrência de grandes proporções havia sido no Rio de Janeiro, em 2011, com 4.300 cicatrizes de movimentação de massa.
Medidas de Adaptação e Prevenção
O estudo também recomenda estratégias para minimizar os impactos em áreas suscetíveis a deslizamentos:
- Contenção e drenagem em lavouras para reduzir o acúmulo de água e a movimentação do solo.
- Zoneamento de áreas de risco com restrições de uso do solo e proteção ambiental.
- Capacitação de profissionais locais — gestores, técnicos, agricultores e professores — para adaptação e prevenção de riscos geológicos.
- Aprimoramento de sistemas de alerta, com dados técnico-científicos ajustados à realidade local.
O Webmapa de movimentos de massa para equipes de apoio na situação de calamidade/2024, elaborado pela UFRGS, traz o levantamento completo e está disponível publicamente no Repositório de Informações Geográficas para Suporte à Decisão – RS 2024.
Com informações do Jornal Correio do Povo.
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