O Banco Central (BC) anunciou, por unanimidade, um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, que agora passa a ser de 11,25% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi impulsionada pela recente alta do dólar e pelas incertezas sobre a inflação e a economia global, especialmente devido à conjuntura econômica nos Estados Unidos. O ajuste era amplamente esperado pelo mercado financeiro.
Ciclo de contração monetária
A medida reforça o ciclo de contração na política monetária iniciado após a Selic permanecer em 13,75% ao ano entre agosto de 2022 e agosto de 2023. Desde então, o BC promoveu uma série de cortes, mas, em setembro deste ano, retomou os aumentos, visando conter a inflação crescente e alinhar as expectativas econômicas.
Incertezas internacionais e política fiscal doméstica
Em comunicado, o Copom citou a conjuntura econômica incerta nos EUA como um fator de instabilidade, mencionando dúvidas sobre o ritmo de desaceleração e desinflação que impactam diretamente a política do Federal Reserve (Fed). No cenário doméstico, o Copom destacou a importância de uma política fiscal comprometida com a sustentabilidade da dívida pública e de medidas estruturais para controlar os gastos e ancorar as expectativas de inflação.
Inflação e metas do IPCA
A Selic é o principal instrumento de controle da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA subiu 0,44%, acumulando alta de 4,42% nos últimos 12 meses, próximo ao teto da meta estabelecida para 2023. O Banco Central, em seu último Relatório de Inflação, elevou a previsão do IPCA para 2024, projetando uma alta de 4,31% para 4,6% devido ao impacto da alta do dólar e à seca prolongada.
Custo do crédito e impacto econômico
O aumento da Selic encarece o crédito e desestimula o consumo, o que ajuda a conter a inflação. Por outro lado, taxas elevadas tendem a desacelerar o crescimento econômico, com a projeção de expansão do PIB para 2024 atualmente em 3,2%. A Selic também influencia as taxas de juros de empréstimos, cartões de crédito e financiamentos, tornando o acesso ao crédito mais restrito.
Conclusão
Ao optar pela elevação da taxa básica de juros, o Banco Central busca equilibrar o controle da inflação com a necessidade de manter a confiança na política econômica. No entanto, as taxas elevadas devem continuar impactando o crescimento econômico, limitando o consumo e a produção no curto prazo.