Em 2023, o Brasil registrou 202.324 notificações de acidentes envolvendo escorpiões, um aumento significativo em comparação com o ano anterior. Mortes em decorrência de picadas também cresceram, passando de 92 em 2022 para 134 em 2023. Segundo dados do Ministério da Saúde, essa foi a primeira vez que o total de casos ultrapassou a marca de 200 mil notificações.
A jornalista Ariane Póvoa, de Brasília, enfrentou o susto de ver a filha picada por um escorpião dentro do próprio berço. A menina, de apenas 1 ano e 4 meses, foi levada às pressas para o hospital. Embora o caso tenha sido considerado leve, a situação chamou atenção para o risco crescente desses acidentes, mesmo em áreas urbanas.
Distribuição Regional e Principais Espécies
O Sudeste lidera em número de casos, com 93.369 acidentes, seguido pelo Nordeste (77.539), Centro-Oeste (16.759), Sul (7.573) e Norte (7.084). Entre os estados, São Paulo registra o maior número de notificações (48.651), seguido por Minas Gerais (38.827) e Bahia (22.614). Em termos de incidência, Alagoas lidera com 376 casos para cada 100 mil pessoas, e Minas Gerais possui a maior taxa de letalidade (0,17%).
No Brasil, quatro espécies de escorpiões são consideradas de maior relevância em saúde pública:
- Escorpião-amarelo (T. serrulatus): predominante nas macrorregiões do país, apresenta maior potencial de gravidade.
- Escorpião-marrom (T. bahiensis): comum no Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
- Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus): prevalente no Nordeste, com ocorrências em Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
- Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus): principal causador de acidentes e mortes na região Norte e Mato Grosso.
Perfil das Vítimas e Sintomas
A maioria das vítimas de picadas de escorpião em 2023 estava na faixa de 20 a 29 anos, seguida por indivíduos de 40 a 49 anos. Em termos de cor e raça, 53% das vítimas eram pardas, seguidas por brancas (30%) e pretas (7%).
Os sintomas mais comuns incluem dor intensa (85,69%), inchaço (64,55%) e sangramento subcutâneo (10,9%). Em 1,26% dos casos, foi registrada necrose. A taxa de letalidade tende a aumentar conforme o tempo para atendimento se prolonga: nos casos atendidos até 12 horas após a picada, a letalidade se mantém abaixo de 10%, mas sobe para quase 40% em atendimentos realizados após 24 horas.
Curiosidades sobre Escorpiões
O Instituto Butantan destaca alguns fatos interessantes sobre os escorpiões:
- Fluorescência: Escorpiões apresentam fluorescência sob luz ultravioleta devido a metabólitos secundários na cutícula.
- Picada e defesa: O veneno é injetado pelo metassoma, não pelas pinças, que são usadas para segurar presas.
- Automutilação em fuga: Espécies como Ananteris podem se desprender da cauda para escapar de predadores.
- Reprodução sem parceiro: Cerca de 5% das espécies de escorpiões praticam partenogênese, reproduzindo-se sem fecundação.
Prevenção e Controle
A incidência de escorpiões tende a aumentar durante os períodos de maior umidade e calor. Medidas preventivas, como limpeza de áreas próximas a residências e a vedação de frestas, são fundamentais para reduzir o risco de acidentes, especialmente em regiões urbanas onde esses animais se adaptam facilmente.