O fungo Candida auris, apelidado de “superfungo” por sua resistência extrema, voltou a ser uma preocupação no Brasil após três casos terem sido confirmados em Belo Horizonte. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais investiga ainda outros 22 possíveis casos no Hospital João XXIII. Conhecido por sua capacidade de sobreviver a altas temperaturas e desinfetantes comuns, o Candida auris representa uma ameaça séria, especialmente em ambientes hospitalares.
Identificado pela primeira vez em 2009 no Japão, o superfungo só foi detectado no Brasil em 2020. Seu grande diferencial é a resistência a medicamentos antifúngicos, tornando as infecções difíceis de tratar. Conforme o infectologista Filipe Prohaska, do Complexo Hospitalar da UPE, “o fungo sobrevive em ambientes hospitalares devido à sua resistência a desinfetantes usados comumente, como os quaternários de amônia”. Essa capacidade de aderir a superfícies e invadir equipamentos médicos coloca pacientes internados em risco elevado.
Os sintomas da infecção pelo Candida auris incluem febre, alterações na pressão arterial, fadiga e dificuldades respiratórias. A taxa de mortalidade de infecções graves pode chegar a 53%, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora o superfungo não seja facilmente transmitido fora de hospitais, ele pode se espalhar rapidamente entre pacientes que já estão debilitados, especialmente aqueles com cateteres ou que fazem uso prolongado de antibióticos.
Infelizmente, o tratamento para o Candida auris ainda é limitado, pois as opções antifúngicas disponíveis são tóxicas e nem sempre eficazes. No entanto, há esperança com o surgimento de duas novas classes de antifúngicos apresentadas em 2023, que ainda estão em fase de desenvolvimento. Mesmo assim, especialistas alertam para a possibilidade de novas variantes resistentes surgirem no futuro, criando um ciclo contínuo de desafios para a medicina.