O cérebro de José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, será doado à Faculdade de Medicina da USP para auxiliar no aprofundamento de estudos sobre a encefalopatia traumática crônica (ETC), doença que o ex-pugilista enfrentava antes de sua morte, aos 66 anos, em 24 de outubro de 2024. Maguila já havia autorizado a doação do órgão em 2018, com o consentimento de seus familiares, visando contribuir para a pesquisa sobre o impacto dos traumas repetitivos em atletas de esportes de contato, como boxe e futebol.
Essa condição, popularmente chamada de “demência do pugilista”, ocorre devido aos repetidos golpes na cabeça, comuns em modalidades como boxe, rúgbi e até futebol. O estudo liderado pela FMUSP busca entender melhor a degeneração progressiva que afeta o cérebro de atletas. Além de Maguila, cérebros de outros ícones do esporte, como o também boxeador Éder Jofre e o capitão da seleção brasileira Bellini, já foram doados para o banco de cérebros da instituição, o único da América Latina, fundamental para avanços na ciência.
A encefalopatia traumática crônica não tem cura, mas o estudo da USP visa identificar formas de prevenção e melhor diagnóstico da doença. Em atletas, os sinais da ETC são progressivos e podem incluir perda de memória, mudanças de humor e depressão. O neurologista Renato Anghinah, que acompanhou Maguila nos últimos anos, reforça a importância do banco de cérebros para a medicina, afirmando que esses estudos colocam o Brasil em sintonia com outros países no avanço das pesquisas neurocientíficas.
Maguila, natural de Aracaju, foi um dos maiores nomes do boxe brasileiro, com um cartel de 77 vitórias, 61 por nocaute, além de sete derrotas e um empate. Conhecido também por seu carisma, o ex-pugilista marcou a história do esporte nacional e enfrentou lendas como George Foreman e Evander Holyfield. Após sua aposentadoria em 2000, trabalhou na TV Record ao lado de Tom Cavalcante, no programa Show do Tom, conquistando o público também fora dos ringues.