A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta quinta-feira (12) o seu 12º levantamento de safra de grãos, o último do ciclo 2023/24. A produção no país está estimada em 298,41 milhões de toneladas, uma redução de 6,7% ou de 21,4 milhões de toneladas em relação à safra passada.
A queda se deve, principalmente, às chuvas com distribuição irregular no início do plantio, que gerou atraso na semeadura, aliada às baixas precipitações durante parte do ciclo das lavouras nos estados da Região Centro-Oeste, do Matopiba, em São Paulo e no Paraná, sobretudo nas lavouras de milho segunda safra e na soja.
Já o cenário no Rio Grande do Sul é de recuperação. O estado, que produz 12,4% da safra nacional, se encaminha para ter a sua segunda maior colheita de grãos, conforme registros da série histórica da Conab, que iniciou no ciclo 1976/77. A produção deve chegar a 37,1 milhões de toneladas — 34,5% a mais do que na safra anterior, quando foram colhidas 27,6 milhões de toneladas. Isso coloca o RS na posição de terceiro maior produtor de grãos do país, atrás apenas do Mato Grosso e do Paraná. Apesar das adversidades durante o ciclo das culturas, sobretudo ao final da colheita, as lavouras apresentaram um desempenho melhor do que na última safra, o que justifica esse resultado na produção gaúcha. A área plantada nesta safra soma 10,4 milhões de hectares, uma elevação de 1%.
Todas as principais culturas do estado seguem apresentando alta na produção. O crescimento é de 51% na soja, de 44,5% no trigo, de 30% no milho e de 3,3% no arroz. No que diz respeito ao tamanho das lavouras, o crescimento foi de 3,2% na área plantada com soja e de 4,4% na área com arroz. Já as áreas de trigo e milho tiveram redução de, respectivamente, 10,6% e 2%.
Soja
O RS é o segundo maior produtor de soja do país. A estimativa de produção é de 19,65 milhões de toneladas, numa área plantada de 6,76 milhões de hectares. A produção poderia ter sido ainda maior, mas com o excesso de chuvas em abril, apesar da colheita já apresentando 70% do total, as lavouras que estavam em campo tiveram seu desempenho prejudicado. Contudo, as lavouras tiveram um bom suprimento hídrico durante praticamente todo o ciclo, projetando boa produtividade.
Milho
O estado gaúcho é o que mais produz milho na primeira safra, correspondendo a quase 21% do total produzido neste primeiro momento. A Conab estima a colheita de 4,85 milhões de toneladas do grão, numa área de 814,9 mil hectares. O milho também teve o seu desempenho afetado pelas fortes chuvas ocorridas ao final de abril, apesar de apresentar desempenho bem superior ao da safra passada, com produtividade de 5.952 kg/ha, 32,6% a mais que no ciclo 2022/23.
Arroz
A produção gaúcha de arroz está estimada em 7,16 milhões de toneladas, numa área de 900,6 mil hectares. O estado é responsável por 73,47% da produção nacional, ou seja, é o maior produtor do país. O período de semeadura foi longo, de setembro de 2023 a janeiro de 2024, inclusive com plantio fora da janela. Houve atraso na colheita em mais de 13% da área, causando perdas tanto quantitativas quanto qualitativas. O excesso de chuvas prejudicou o desempenho das lavouras em relação à safra passada e, com os impactos das enchentes, a redução da produção no estado foi de pouco mais de 300 mil toneladas. No entanto, o aumento da área cultivada compensou a perda de produtividade e o resultado na produção é 3,3% superior à última safra.
Trigo
O RS também é o principal produtor de trigo do país. O estado deve colher 4,19 milhões de toneladas do cereal, numa área de 1,34 milhão de hectares. O levantamento de safra da Conab mostrou uma área menor do que o cultivado na última safra, mas uma boa produtividade, que foi fortemente impactada no final do último ciclo. A falta de sementes em quantidade e qualidade, a alta suscetibilidade da cultura às perdas decorrentes de geadas e chuvas e o relato de baixa rentabilidade da cultura, por parte dos produtores, são apontados como principais motivadores da redução de área.
No início da implantação da cultura, houve um atraso na semeadura devido ao excesso de chuvas, além da erosão e lixiviação de nutrientes e sementes decorrentes das chuvas torrenciais e recorrentes que prejudicaram, inicialmente, as lavouras que apresentam desenvolvimento aquém do esperado. Mas as condições mais secas, que ocorrem desde a segunda quinzena de julho, propiciam boa condição fitossanitária das plantas. No mês de agosto, houve dias ensolarados e chuvas espaçadas, suficientes para suprir as demandas hídricas e de radiação solar da cultura.