Uma onda de frio assola o Centro-Sul do Brasil desde o final da semana passada. Uma massa de ar polar ingressou no final da última semana e no começo desta chegou um reforço de ar polar que foi impulsionado por um grande ciclone extratropical sobre o Atlântico Sul.
Em apenas três dias, o Sul do Brasil registrou dois episódios de precipitação invernal. Na noite de sexta para sábado, o Planalto Sul Catarinense teve neve, chuva congelante e chuva congelada. Na madrugada de segunda-feira, o município gaúcho de São José dos Ausentes anotou queda de neve e chuva congelada.
A temperatura despencou com as incursões de ar frio e já são seis dias seguidos em que as marcas nos termômetros são baixas, embora gradualmente já comecem a aumentar. Santa Catarina anotou 6,8ºC abaixo de zero ontem e 6,5ºC negativos hoje. Fez -5,3ºC no Rio Grande do Sul na madrugada de ontem.
A temperatura afundou ainda neste episódio frio também no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil. A temperatura caiu a valores negativos no interior do Mato Grosso do Sul com registro de 0,0ºC na rede oficial do Instituto Nacional de Meteorologia.
Na cidade de São Paulo, desde sábado a estação oficial do Mirante de Santana observa marcas mínimas de um dígito. Na rede da prefeitura, entre as estações do CGE, houve registro de marcas mínimas abaixo de 5ºC.
As capitais paulista e do Rio de Janeiro não enfrentavam tanto frio no mês de agosto há 13 anos. Na rede oficial do Instituto Nacional de Meteorologia, a temperatura mínima na capital fluminense caiu a apenas 8,3ºC ontem, o que é muito frio para os padrões do clima da cidade.
O Sul de Minas Gerais, na região serrana, registra alguma das mais baixas temperaturas no Brasil neste episódio de frio. A estação de Delfim Moreira, por exemplo, observou uma mínima de 5,8ºC negativos hoje. Ontem, a mesma estação apontou 6,4ºC abaixo de zero. Na segunda, fez 6,9ºC negativos.
E vem mais frio no restante deste inverno?
O inverno meteorológico (trimestre junho a agosto) chega ao fim no dia 31, entretanto a estação astronômico somente termina em 22 de setembro com o equinócio da primavera, logo ainda há algumas semanas de inverno pela frente.
Já se leu e ouviu na imprensa que este seria o último episódio de frio deste inverno, mas será? Não é o que os dados dos modelos meteorológicos analisados pela MetSul mostram e tampouco o que a climatologia histórica ensina.
Dias de frio, e alguns de frio intenso, ainda devem ser esperados nas próximas semanas. Um novo episódio de temperatura baixa deve ocorrer nesta segunda metade de agosto com efeitos maiores no Sul do Brasil.
Os mapas acima mostram a projeção de anomalia de temperatura (desvio da média) com intervalo de cinco dias até o começo de setembro com base em dados do modelo de clima norte-americano CFS do NCEP/NOAA.
Nos mapas, constata-se como há a tendência de mais uma incursão de ar frio na segunda metade de agosto que deve trazer geada e temperatura baixa, especialmente em estados do Sul do Brasil. Depois de uma terceira semana de agosto mais quente, o frio poderia retornar após os dias 23 ou 24.
Maior variabilidade térmica a partir de agora
Se mesmo no auge do inverno há alternância de dias frios ou gelados com jornadas de tempo agradável e até de temperatura alta, a variabilidade térmica tende a ser ainda maior a partir de agora com mais dias amenos ou quentes pela frente nas próximas semanas e episódios de frio de forma mais pontual.
Além disso, mesmo não estando configurado um evento de La Niña no Oceano Pacífico Equatorial, existe a possibilidade de o fenômeno se instalar na primavera ou o Pacífico ficar muito perto de uma condição de Niña com neutralidade negativa.
Sob este cenário, com La Niña fraca atuando ou neutralidade perto do limite de La Niña (borderline) cresce a possibilidade de incursões tardias de ar frio entre setembro e outubro, mas em episódios pontuais.
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