Gritos encerram gravação das caixas pretas de avião da VoePass que caiu em Vinhedo

Os primeiros áudios das caixas pretas da aeronave da Voepass, que caiu em Vinhedo com 62 pessoas a bordo, foram divulgados em primeira mão pelo Jornal Nacional. As gravações, analisadas pelo Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), registram cerca de duas horas de conversas entre o piloto e o copiloto.

De acordo com os investigadores, a aeronave perdeu altitude repentinamente. No entanto, a análise do áudio não foi suficiente, até o momento, para determinar a causa do acidente. O copiloto, Humberto de Campos Alencar e Silva, ao perceber a perda de sustentação, perguntou ao piloto o que estava acontecendo e sugeriu aumentar a potência na tentativa de estabilizar o avião, mas sem sucesso. Entre a constatação da perda de altitude e a queda, passaram-se aproximadamente 1 minuto, durante o qual a tripulação tentou, em vão, recuperar o controle. A gravação termina com gritos, sem que fossem identificados alertas sonoros característicos de falha elétrica, fogo ou pane no motor, apesar do ruído excessivo das hélices próximas à cabine, típico do modelo ATR 72–500.

Funcionários apontam descaso com segurança

Nos dias subsequentes ao acidente, novas denúncias sobre a conduta da empresa vieram à tona. Um ex-funcionário, em entrevista ao Fantástico, afirmou que uma das aeronaves era conhecida como “Maria da Fé” entre os colaboradores, devido às más condições em que operava. Uma outra funcionária, também de forma anônima, relatou que o pneu da aeronave que caiu já havia sofrido danos em um voo anterior em Salvador, onde estourou durante a decolagem, danificando o sistema hidráulico e dificultando o pouso.

Além disso, funcionários da Voepass enviaram uma denúncia anônima à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), relatando um “grande vazamento de pressão da porta de serviço” na mesma aeronave, acompanhada de um vídeo como evidência.

Encaminhamentos

O relatório preliminar sobre o acidente deve ser concluído em 30 dias. O Tribunal de Contas da União realizará uma auditoria na Anac para avaliar as normas de reparo em aviões, a adequação dos procedimentos de fiscalização sobre empresas de manutenção, bem como a atuação da agência na investigação e resposta a acidentes aéreos.

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