Limpeza de escolas ganha agilidade com contratações simplificadas e auxílio de diferentes órgãos
Após as fortes chuvas que afetaram o Rio Grande do Sul, agentes de diversas áreas têm atuado para retomar o funcionamento normal o quanto antes. Na educação, esse processo passa pela limpeza das escolas afetadas. O trabalho transversal entre as secretarias da Educação (Seduc), de Obras Públicas (SOP) e de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), além da Casa Militar, tem sido vital para o retorno das atividades nas instituições, com ferramentas que agilizam a contratação dos serviços necessários.
As principais ações de limpeza são coordenadas pela Sop e pela Seduc. Em alguns casos, o trabalho também recebe o auxílio da SSPS, que disponibiliza a mão de obra de pessoas privadas de liberdade, e da Casa Militar, que fornece, por meio da Defesa Civil, materiais de limpeza. O esforço articulado e a integração entre as pastas do Executivo estadual visam atender ao maior número possível de unidades escolares.
No caso da SOP, as demandas são atendidas por meio da Contratação Simplificada. Lançada em março, a modalidade funciona como um “catálogo de serviços” à disposição da pasta, dando mais celeridade ao atendimento das necessidades das instituições de ensino. Nesse modelo, há uma empresa responsável por atender um grupo de escolas em uma região, sem a necessidade de licitar cada serviço. Assim, cada grupo tem uma empresa responsável pré-contratada para realizar as obras.
Por meio da Contratação Simplificada, já foi concluída a limpeza em duas escolas: Colégio Coronel Afonso Emílio Massot e Escola Professor Olintho de Oliveira. Outras cinco estão sendo limpas: Escola Professora Leopolda Barnewitz, Escola Candido Portinari, Colégio Protásio Alves, Escola Técnica Parobé e Escola Presidente Roosevelt. Todas essas instituições localizam-se em Porto Alegre, mas a operação se expandirá para as demais regiões atingidas pela enchente.
Nas escolas atendidas pela Seduc, as ações de limpeza contam com o auxílio do Exército e da Marinha, que ajudaram mais de 30 escolas estaduais situadas nos municípios de São Leopoldo, Canoas, Esteio, Cachoeirinha, Eldorado, Guaíba e Porto Alegre.
Além disso, o governo estadual anunciou, em 4 de junho, o aporte de R$ 46,6 milhões para a rede de ensino, que está sendo aplicado pela Seduc. Desse valor, R$ 22,1 milhões serão repassados por meio do programa Agiliza para serem utilizados em ações de investimento e custeio, contratação de serviços e compra de materiais de consumo. Outros R$ 18,2 milhões serão usados para aquisição de alimentação escolar e R$ 6,3 milhões para a reposição de mobiliário em unidades afetadas.
A iniciativa faz parte do Plano Rio Grande, que atua em três eixos de enfrentamento aos efeitos das enchentes: ações emergenciais, ações de reconstrução e Rio Grande do Sul do futuro.
Mobilização
Entre as escolas de Porto Alegre que já fazem uso da Contratação Simplificada está a Escola Professora Leopolda Barnewitz, no bairro Cidade Baixa. Por 15 dias, a instituição ficou alagada e teve boa parte do mobiliário e dos materiais didáticos do andar térreo destruídos pela umidade. Ao baixar, a água deixou entulho e lodo no local.
“É uma escola extremamente importante para a comunidade, pois oferecemos tempo integral do primeiro ao quinto ano. Estamos trabalhando para, o quanto antes, retomarmos as atividades”, comenta a diretora da escola, Alisandra Battistel. “Após a aprovação da Contratação Simplificada, foi muito rápido o início do serviço. Na segunda-feira, dia 10, já começou a limpeza, e estamos avançando bastante.”
Além da empresa de limpeza, funcionários da própria escola têm se mobilizado para ajudar na organização, especialmente dos itens e salas de aula no segundo andar da instituição – a água não chegou ali, mas o espaço também precisa passar por faxina.
“Nos unimos para poder ajudar na limpeza, agilizando ainda mais para que as crianças possam voltar. Sabemos que é um ambiente no qual pais e alunos confiam – um lugar onde se sentem bem. Então, é muito satisfatório contribuir”, conta a funcionária Marcela Ferreira.
Memória e expectativa
Prestes a completar 108 anos de história, a Escola Estadual Presidente Roosevelt, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, também foi invadida pelas águas. Para garantir que as aulas recomecem o quanto antes, o governo do Estado viabilizou a contratação de uma empresa para executar a limpeza e a desinfecção da instituição, além de encaminhar verbas para repor os móveis danificados. Para os profissionais que trabalham no local, o andamento dos trabalhos de limpeza significa o início da retomada, alimentando a expectativa de reabertura.
O setor administrativo da escola foi bastante afetado. Muitos móveis tiveram de ser descartados. Grande parte dos arquivos de alunos e professores também foi perdida. Com a ajuda dos profissionais da escola, itens como computadores e outros produtos eletrônicos, arquivos, livros didáticos e alimentos para a produção de merenda escolar foram levados para o segundo andar do prédio a fim de serem salvos.
Agora, na etapa de limpeza, a empresa contratada retirou todo o mobiliário do interior do prédio e cuida da remoção da lama e da descontaminação do ambiente. O foco está também em tetos e paredes, retirando o mofo criado pela umidade.
Além disso, mesas e cadeiras estão sendo lavadas na área da quadra da escola. Enquanto isso, usando equipamentos de proteção individual (como máscaras e galochas), os profissionais da instituição realizam a triagem dos móveis, verificando o que pode ser recuperado.
O diretor da unidade, Márcio Koeh, que já foi aluno da escola, destaca as memórias afetivas que construiu no lugar. “Metade da minha vida foi aqui. Então, tenho uma ligação muito estreita e um carinho especial pela escola”, ressalta.
Para Márcio, ver a limpeza sendo feita dá ânimo. “Nos primeiros dias, foi muito triste ver tudo sujo e revirado. Olhando o saguão agora, vislumbramos a luz no fim do túnel. A limpeza mais pesada e a desinfecção já foram feitas, então, em algumas semanas, vamos poder voltar com as aulas presenciais. Isso é animador”, comemora.
A escola retomou suas atividades de forma on-line e, aos poucos, vai tentando retornar à rotina. Após o trabalho de limpeza, a unidade deve receber alguns reparos.
A assistente financeira Dulce Delan, que trabalha há 16 anos na unidade, se emociona ao falar da instituição. “A limpeza nos traz esperança de que a escola vai voltar logo. O aporte que o governo enviou está permitindo a reposição do material da cozinha e do refeitório. E com energia elétrica e refeitório, estaremos mais perto do retorno”, projeta. “Espero que iniciemos julho com os alunos no pátio, jogando vôlei. Queremos que a escola esteja organizada, esperando por eles.”