Nova casa de acolhimento de permanência estendida garante assistência para mulheres e crianças vítimas das enchentes

Para garantir permanência estendida e assistência às mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade atingidas pelas enchentes, a Casa Violeta, um espaço de acolhimento com capacidade para receber até 190 pessoas, iniciou as suas atividades nesta quarta-feira (29/5), em Porto Alegre. A iniciativa do governo do Estado surgiu a partir da necessidade de acolher essa parcela da população durante o período transitório, de até um ano, e teve condução do médico pediatra e marido do governador Eduardo Leite, Thalis Bolzan, e da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), com a gestão da Me Too Brasil e do Instituto Survivor.

Durante o mês de maio, uma força-tarefa foi estabelecida para acelerar a criação desse espaço específico, instalado em um prédio do município, cedido ao governo do Estado desde 2009, onde operava a Escola Estadual de Ensino Fundamental Roque Callage (rua Cabral, 621, bairro Rio Branco).

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Thalis Bolzan participou da abertura da Casa Violeta e visitou os espaços voltados a mulheres e crianças nesta quarta-feira (29) – Foto: Gustavo Mansur/Secom

Neste período, houve mobilização de voluntários de diferentes áreas, parceiros e equipes das secretarias da Saúde (SES), da Educação (Seduc), de Desenvolvimento Social (Sedes) e de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) e do Gabinete do Governador. O objetivo foi estruturar a iniciativa e garantir um atendimento adequado a essa parcela da população, que passará a viver na Casa Violeta. No local, diversas ações estão sendo realizadas para tornar o espaço uma referência.

Bolzan destacou o reforço recebido a partir de parcerias e voluntariado, fundamental para dar andamento à iniciativa. “Esse trabalho é fruto de um conjunto de esforços, feito por muitas pessoas engajadas em colocar em funcionamento essa casa de acolhimento. Além do poder público, tivemos o suporte constante de parceiros e voluntários que nos ajudaram a tornar isso realidade e nos auxiliaram a captar as demandas das mulheres em abrigos. Assim, conseguimos garantir um atendimento qualificado para todas que buscarem a Casa Violeta nesse período difícil para o Rio Grande do Sul”, disse.

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O local tem 14 dormitórios destinados a mulheres e seus filhos e filhas – Foto: Gustavo Mansur/Secom

Após várias visitas em outros abrigos, foi identificado a necessidade de ter um lugar de permanência estendida. Além disso, todas as iniciativas implementadas na Casa Violeta são respaldadas pelas políticas públicas estaduais e municipais. As atividades de atenção e cuidado às abrigadas serão integradas às redes públicas de saúde, educação e assistência social.

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A instituição Comunitas, por meio de um acordo de cooperação com a SJCDH, forneceu apoio técnico, material e operacional na instalação da estrutura inicial da casa de acolhimento. Itens como roupas, colchões, macas, produtos de limpeza, máquinas de lavar, lixeiras, alimentos, brinquedos e rações foram obtidos por meio de doações, com o apoio de voluntários e parceiros. Após o ingresso das mulheres, a estrutura passará, gradativamente, por modificações para possibilitar o abrigamento pelo período de até um ano, de acordo com as necessidades da população.

O público-alvo são mulheres em condição de vulnerabilidade social e que foram atingidas pelas enchentes, com filhas de até 18 anos incompletos e filhos de até 12 anos incompletos. Além disso, cães e gatos de estimação poderão ser levados para o local, onde terão um espaço reservado, com casinhas e camas, e atendimento veterinário.

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Mulheres e crianças acolhidas na Casa Violeta também têm acesso a atendimento psicológico – Foto: Gustavo Mansur/Secom

“Cumprindo determinação do governador Eduardo Leite, que estava preocupado com a condição das mulheres e crianças nos abrigos, esta é uma casa destinada a dar dignidade e proteção às mães e seus filhos enquanto passam por esta tragédia longe de suas casas. Um espaço humanizado e pensado, especialmente, na transformação pela qual passarão essas mulheres. Elas terão acesso a saúde, assistência, capacitações e aprendizados para saírem desta catástrofe em condições de proverem a si e aos seus com segurança”, ressaltou o titular da SJCDH, Fabrício Peruchin.

Para dar início às atividades, cerca de 20 pessoas privadas de liberdade do Instituto Penal de Monitoramento Eletrônico da 10ª Região, do Instituto Penal Irmão Miguel Dario e do Patronato Lima Drummond realizaram a limpeza e alguns reparos no local, a partir da disponibilização de mão de obra prisional pela Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS). Apenados também produziram casinhas para animais, armários e mesas de madeira para mobiliar o espaço.

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Espaço voltado ao acolhimento e bem-estar

Com o objetivo de fornecer um local de permanência estendida, a Casa Violeta tem uma estrutura completa e espaços destinados ao bem-estar das mulheres e crianças. Ela conta com 14 dormitórios, identificados com os nomes de mulheres que atuaram no trabalho voluntário em ações de auxílio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

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Cristiane Maria da Silva Vianna é uma das voluntárias homenageadas com seu nome em um dos dormitórios – Foto: Gustavo Mansur/Secom

No espaço, há brinquedoteca, fraldário, espaço multiuso, salas de capacitação, de bem-estar e de atendimentos especial e psicológico, refeitório, cozinha, depósito, consultórios, farmácia, almoxarifado, lavanderia, espaço pet, sala administrativa e espaços para armazenamento de alimentos, itens de limpeza e roupas.

A gestão e a operação serão realizadas pelo Instituto Survivor e pela Me Too Brasil. O instituto é uma associação de defesa de direitos sociais, formada por voluntárias que promovem escuta especializada, aconselhamento jurídico e acolhimento emocional, além de estratégias de empoderamento integral a mulheres vítimas de violência. A Me Too Brasil é uma organização destinada exclusivamente ao enfrentamento da violência sexual e ao atendimento de sobreviventes deste tipo de crime, independentemente de gênero ou idade. As instituições serão as responsáveis por manter o local, garantindo também o fornecimento de alimentação.

O governo do Estado, por meio da SJCDH, fornecerá serviços de apoio, como limpeza e conservação, manutenção e serviços gerais, além do custeio de água, luz, gás e internet. O Estado também contratou uma empresa para a realização de vigilância armada contínua, feita por prestadoras mulheres.

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O local conta com brinquedoteca para as crianças – Foto: Gustavo Mansur/Secom

Apoio e rede de assistência

Na Casa Violeta, as mulheres e crianças receberão a assistência de uma equipe contratada pelas organizações. Fazem parte uma coordenadora-geral, assistentes de coordenação, assistentes sociais, orientadoras socioeducativas, psicólogas, enfermeiras, uma médica clínica-geral e uma médica pediatra, recreacionista e psicopedagoga. O local também contará com o suporte de voluntárias.

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“A criação da Casa Violeta marca um novo momento. Nela receberemos mulheres e crianças no espaço que funcionará por até um ano, com equipe multidisciplinar de atendimento e totalmente integrada à rede pública da saúde, educação e assistência social. Essa ação foi possível por meio da articulação rápida e ágil feita por nossas organizações e parceiros, que resultou em uma rede de doações que sustentará essa operação complexa por todo esse período”, afirmou a presidente do Instituto Survivor, Izabella Borges.

A presidente da Me Too Brasil, Marina Ganzarolli, explicou que o acolhimento transitório de mulheres e crianças se dá por meio de quatro fases concomitantes: implantação, acolhimento, manutenção e emancipação. A primeira fase compreende a estruturação, a qualificação e a adequação do espaço físico. A segunda ocorre de modo gradual, quando as mulheres ingressam no local, passam por entrevista de triagem, para avaliação do seu histórico, e depois são encaminhadas a uma escuta qualificada das respectivas áreas técnicas.

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Espaço multiuso possibilita momentos de interação e lazer para as pessoas acolhidas – Foto: Gustavo Mansur/Secom

A terceira fase abrange a operação do dia a dia para a manutenção desse acolhimento transitório, o que inclui a gestão da equipe efetiva e do voluntariado. “Nessa etapa, também está a gestão das atividades realizadas pelas próprias mulheres, no sentido de garantir a autonomia e o bem-viver. Não é só o acolhimento das necessidades físicas, materiais e de saúde, mas também de saúde mental, integração e pertencimento”, destacou Ganzarolli.

A quarta fase ocorre a partir do ingresso na Casa Violeta, com o início do plano de emancipação – garantir o pós-abrigamento e a autossuficiência dessas famílias monoparentais femininas. Essas quatro etapas são permeadas por sete eixos: acolhimento físico; segurança alimentar; saúde geral; saúde mental; socioassistencial; qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho; e apoio operacional e logístico. Todos os esforços empreendidos no local buscam garantir segurança e suporte para mulheres, considerando as necessidades específicas que permeiam esse público.

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