Um mês após as fortes chuvas no Rio Grande do Sul, cientistas brasileiros se unem em carta para exigir medidas urgentes contra as mudanças climáticas e seus impactos na saúde da população.
O manifesto, assinado por representantes da Academia Nacional de Medicina, da Academia Brasileira de Ciências e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, alerta que os eventos climáticos extremos se tornarão cada vez mais frequentes e intensos, afetando “as águas das bacias do RS, nossos mananciais, nossas matas e outros biomas. No Brasil e no mundo.”
“O futuro dos eventos climáticos extremos já chegou. Estejamos atentos ao que a ciência tem a dizer para preservar vidas e evitar futuras catástrofes”, afirmam os especialistas.
Preocupação com a saúde da população
Os cientistas expressam preocupação com o aumento de casos de leptospirose entre pessoas que tiveram contato com água contaminada no Rio Grande do Sul. Além disso, alertam para os impactos na saúde mental da população, já fragilizada pela pandemia de Covid-19.
“Lidar com o estresse pós-traumático e a depressão são desafios crescentes. A solidariedade e empatia não serão suficientes e procedimentos eficazes testados à luz da ciência devem ser implementados para atender a população em tempo hábil”, defendem.
Propostas para o futuro
O documento propõe diversas medidas para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, incluindo:
- Inovações tecnológicas no Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimento e saúde digital da população afetada.
- Ampliação do conceito de saúde para englobar o cuidado com o ambiente e considerar as alterações do clima.
- Utilização de estudos científicos avançados sobre os impactos de desastres naturais e modelos preditivos para desenvolver estratégias de prevenção.
A carta ressalta que a comunidade científica brasileira está pronta para colaborar com as autoridades públicas na busca por soluções para os problemas causados pelas mudanças climáticas.
“As ações para atender as vítimas estão a caminho e o mundo Acadêmico tem muito a contribuir para que a ciência ilumine as ações de saúde e auxilie no cálculo da retaguarda necessária”, concluem os signatários.