As chuvas intensas que vem castigando o Estado atingiram 90% dos municípios gaúchos, entre eles Caxias do Sul, cujo atual cenário também prejudicou a agricultura e a infraestrutura no meio rural, que já contabilizam prejuízo estimado em mais de R$85 milhões. As regiões mais afetadas são Vila Cristina, a comunidade de Menino Deus em Forqueta, Santa Lúcia do Piaí e Vila Oliva.
Os danos são diversos, ocorreram perdas na fertilidade do solo em uma área de 12.000 hectares, cultivados com as culturas de grãos, olerícolas e frutas. Também há perdas nas culturas de hortaliças, que são importantes para a economia da cidade. O excesso de chuva foi o fator que ocasionou estes prejuízos, prejudicando o desenvolvimento devido ao encharcamento e perda de solo. Na fruticultura, houve danos na cultura de caqui. Além disso, vários pomares como de uva, kiwi, citros, pêssego e pera foram danificados ou destruídos.
As chuvas devastaram muitas regiões de Caxias do Sul, com isso as culturas de grãos, em especial soja, foram afetadas. Atividades que envolvem animais também. Devido ao bloqueio de acessos e a interrupção de energia elétrica, muitos produtores ficaram sem abastecimento adequado de alimentos para as suas criações.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Valmir Antonio Susin, ressalta que está sendo feito um planejamento para atender as regiões atingidas, como Sebastopol em Vila Cristina, e Santa Lúcia do Piaí, onde os agricultores tiveram inúmeros prejuízos.
“Nós temos que dar uma atenção especial, porque são agricultores que trazem o produto do Ponto de Safra e das Feiras do Agricultor. Temos que começar um trabalho logo para recuperar o solo para que eles voltem a plantar, porque senão vai levar no mínimo 60, 90 dias para que nós possamos ter o produto para fornecer para os nossos produtores. Mas, por outro lado, nós temos a Ceasa de Caxias, que abastece e não vamos ficar sem abastecimento porque vem produtos de outros estados.”
Além das perdas identificadas na infraestrutura domiciliar, também há danos na infraestrutura produtiva no que se refere a estradas e acessos internos, sendo que 500 propriedades rurais foram afetadas, necessitando de reparos, além de outros danos causados pelas fortes chuvas.
A situação é complicada e os prejuízos são imensuráveis. Muitos agricultores ainda estão enfrentando problemas referentes à falta de energia elétrica. Algumas famílias seguem ilhadas, devido às barreiras que caíram e com isso as estradas ainda não foram liberadas. As perdas estimadas são irreversíveis, podendo ser agravadas, caso as chuvas persistirem nos próximos dias.
“O grande problema foram as barreiras que caíram nas estradas, que não tem nem o número de quantas caíram e não se concluiu ainda o trabalho de abertura dessas estradas. Nós vimos vários pontilhões, que o pessoal não tem passagem para levar aquilo que sobrou dos seus produtos. Temos que atender e estamos atendendo não só com as máquinas da prefeitura, mas também com máquinas particulares, como a própria CIC, que está fornecendo o óleo diesel. Muitas dessas máquinas da iniciativa privada estão trabalhando só pelo óleo diesel, então é uma colaboração muito grande que eles estão dando para o município e principalmente para os agricultores para que eles possam justamente ter o trânsito de poder levar os seus produtos, aquilo que sobrou,” conclui Valmir Antonio Susin.
A Estimativa de perdas na agricultura, na cultura de milho, soja, hortaliças diversas, citros, caqui, fruticultura (outras), fruticultura (perdas futuras) e agroindústrias contabilizam R$40.717.816,00. Já na infraestrutura do meio rural, envolvendo fruticultura (estrutura), estradas e acessos internos, solos (perdas por lixiviação e erosão), construções rurais (residenciais, agroindústria, galpões e estufas), o prejuízo é de R$44.875.000,00.
As estimativas de perdas foram determinadas de acordo com dados dos sistemas da EMATER/RS-ASCAR juntamente com técnicos da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA).