Caso Miguel: encerrados os depoimentos de testemunhas, júri passa para interrogatórios das rés

Seis testemunhas passaram pelo plenário do Tribunal do Júri da Comarca de Tramandaí ao longo desta quinta-feira (04/04), primeiro dia de julgamento das rés Yasmin Vaz dos Santos e Bruna Nathiele Porto da Rosa. Elas são acusadas de torturar, matar e ocultar o cadáver de Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, em julho de 2021. O corpo do menino nunca foi localizado.

Em seguida, terá início o interrogatório das duas acusadas. O júri acontece no Salão do Júri do Foro da Comarca de Tramandaí, no Litoral Norte do estado, e é presidido pelo Juiz de Direito Gilberto Pinto Fontoura, titular da 1ª Vara Criminal local. Cinco homens e duas mulheres são os jurados que compõem o Conselho de Sentença.

Testemunhas de acusação

Pela manhã, o depoimento do Delegado de Polícia Antônio Carlos Ractz Junior, que coordenou as investigações, abriu a fase de instrução plenária. A oitiva dele durou em torno de 3 horas. À tarde, os Policiais Militares que atenderam a ocorrência quando as mulheres foram registrar o suposto sumiço de Miguel, também foram arrolados como testemunhas de acusação. Inicialmente, elas disseram aos policiais que o menino desapareceu depois que foi levar o lixo na rua. Quando questionadas pela Polícia já na casa delas, a ré Yasmin teria confessado os detalhes do que ocorreu com Miguel, apontado onde estava a mala utilizada no crime e demonstrado frieza nas declarações.

O PM Jeferson Luciano Segatto falou sobre a confissão de Yasmin, que admitiu que ela e a companheira, Bruna, teriam matado o menino e jogado o corpo dele no Rio Tramandaí. Também afirmou que a mãe estava tranquila, não demonstrava nenhum tipo de tristeza, “sentimento zero”. De acordo com a testemunha, Yasmin revelou que premeditou a forma como colocou o corpo da criança na mala (em posição fetal) para que “ele escorregasse para dentro do rio”. Sobre Bruna, o Policial Segatto descreveu que ela parecia ser mais acanhada e ser conduzida pela mãe de Miguel.  Na ocasião, a madrasta teria dito uma frase desconexa, com as palavras “Miguel”, “mala”, “rio”.

Em seguida, o PM Ícaro Ben-Hur dos Santos Pereira também prestou depoimento e lembrou do momento em que eles estiveram na casa das rés. Disse que Yasmin apontou onde a mala estaria e que ele encontrou o objeto em uma lixeira. Narrou a conversa que teve com a mulher, por não acreditar que a criança pudesse caber naquele espaço pequeno. Mas que ela detalhou que, além de o menino estar muito magro, ela teria quebrado todos os ossos do corpo dele para que pudesse colocá-lo na mala.

Ele também contou o que ela disse que teria acontecido em seguida: “Quando ela largou o Miguel no rio, uma onda passou por cima e levou ele. Em todo esse momento, ela falando numa tranquilidade absurda”, descreveu a testemunha. O PM afirmou que Bruna se comunicava pouco, mas não acredita que ela pudesse ter nenhum tipo de transtorno e que talvez tivesse dito aquelas palavras por ter “se arrependido primeiro”.

Testemunhas de defesa

A proprietária de uma pousada onde o casal morou por três meses foi ouvida em plenário, indicada pela defesa da ré Yasmin. “Nunca vi nada e ele nunca se queixou”, afirmou a testemunha à defesa da mãe de Miguel.

A testemunha disse que não costumava ver Miguel e que nunca ouviu choro dele. Certa vez, quando o menino ficou sozinho em casa, ela foi até lá para dar comida a ele. “Eu dizia para ela (Yasmin) tirar a criança de casa para pegar sol. Ela disse que ele tinha asma”, lembrou.  A idosa recordou que só o viu duas vezes na sacada pegando sol. Quando o casal saiu de lá, afirmou que teve que colocar fora cobertas e objetos e que havia forte presença de  cheiro de urina.

Outro Policial Militar que atuou no início da ocorrência, Alisson Martins, também compareceu ao plenário para falar sobre os fatos. Ele e os colegas de guarnição entraram no apartamento de Yasmin e Bruna, mas não observaram nada de diferente no local. Os policiais foram até a Delegacia aonde estavam as mulheres.  Depois da confissão da ré Yasmin, ele integrou a equipe que retornou à casa delas e que fez as buscas ao rio.

A última testemunha de defesa ouvida foi uma promotora de vendas, que representa a pousada onde o casal e o menino viveram nos últimos dias antes dos fatos. Ela disse que nunca ouviu briga das duas, mas que também nunca tinha visto a criança. “Ninguém conhecia Miguel. Para nós, foi uma surpresa”, afirmou a testemunha ao lembrar quando soube do desaparecimento do menino. Segundo ela, durante a negociação do aluguel, Yasmin foi informada de que só havia disponível apartamento de 1 dormitório, mas ela respondeu que isso não era problema, uma vez que o filho iria morar com a mãe dela.

Assista ao vivo

Sair da versão mobile