A segunda frente fria do outono com impacto sobre o continente já tem data para chegar ao Rio Grande do Sul. A primeira passou pelo território gaúcho na semana passada e foi responsável por muitos transtornos. Nesta segunda uma frente fria de fraca atividade atuou no mar sem impacto relevante no território gaúcho, as informações são da Metsul.
Acima de tudo tenha em mente que frente fria não é necessariamente frio. Frente fria é zona de instabilidade, nuvens e chuva entre o ar quente que a antecede e o ar frio que avança posteriormente a sua passagem. Portanto, recebe esse nome por ser a massa de ar frio responsável por seu deslocamento. O ar frio empurra, desloca a chuva de Sul para Norte.
Na última quinta-feira, dia 18, vendavais intensos foram registrados em diferentes pontos do Estado. A chuva na véspera da passagem da frente fria foi muito intensa e impactou cidades especialmente do extremo sul gaúcho como Jaguarão que teve 98 mm e Santa Vitória do Palmar que chegou a registrar 350 mm em poucas horas.
Os maiores prejuízos tiveram relação com o vento forte com rajadas de intensidade rara que passaram de 140 km/h em Soledade e Cruz Alta e ainda com mais de 100 km/h em diversos outros municípis. Vendavais provocaram danos e quedas de árvores em diversas partes do Estado.
Os transtornos foram muitos com a passagem rápida dessa frente fria e mesmo dias depois há regiões sem energia elétrica com casas destelhadas e estruturas colapsadas.
Vendavais provocaram danos e quedas de árvores em diversas partes do Estado. Em Santana do Livramento árvores foram arrancadas pela raiz. Foto: Fabian Ribeiro.
As frentes frias são fenômenos típicos da climatologia de latitudes médias devido a grande variação térmica que é mais evidente a partir de agora. A zona de transição climática entre a Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul é berço de nascimento de fenômenos atmosféricos como frentes frias e ciclones extratropicais. Esses fenômenos nascem por aqui, mas impactam o tempo em grande parte do território Nacional. Portanto, nossa região é o ponto de partida.
Nos próximos dias a umidade atuará na direção do Sudeste e Centro Oeste com expectativa de manutenção da instabilidade com pancadas de chuva e temporais isolados nessas regiões. O alerta segue nas regiões serranas, em especial do Rio de Janeiro.
Ao mesmo tempo o Rio Grande do Sul, parte da Argentina e Uruguai terão vários dias de sol e gradativa elevação da temperatura. Na sexta, contudo, poderá ocorrer instabilidade em partes do Nordeste do Estado, em geral com baixos acumulados.
Entre o domingo e a segunda-feira, ou seja, na virada do mês, uma nova frente fria irá se formar entre Argentina e Rio Grande do Sul. Essa frente fria atuará junto a um centro de baixa pressão atmosférica. Portanto há potencial para a formação de novas tempestades isoladas.
Essa frente fria deverá cruzar o território gaúcho ao longo do dia 1° de abril. À primeira vista o sistema frontal deverá ter deslocamento rápido novamente pelo Estado. As primeiras pancadas de chuva deverão chegar ao Oeste gaúcho no final do domingo de Páscoa.
Na segunda-feira a frente fria chega a fronteira com o Uruguai na madrugada e é provável que no turno da noite já ingresse no Paraná. Portanto irá cruzar o Rio Grande do Sul de sul ao Norte em poucas horas.
De uma forma geral os modelos indicam volumes de precipitação ao redor de 30 a 50 mm na maioria das regiões. Em pontos isolados o acumulado poderá ser maior ao redor de 50 a 80 mm.
Entre Santa Catarina e Paraná a chuva tende a ser irregular e com maiores volumes no oeste da região. Em geral ao redor de 30 a 50 mm. Na faixa Leste, em princípio a chuva não será significativa.
Rajadas de vento poderão ocorrer devido ao rápido deslocamento do sistema pelo Estado, mas ainda é cedo para avaliar intensidade de forma definitiva e tratar como alerta. O que já é possível afirmar é que o contraste térmico não será tão intenso com o da semana passada na medida em que a onda de calor no centro do país perdeu força devido a chuva.
Os dados analisados nos modelos matemáticos do dia hoje não indicam uma situação de instabilidade severa como a registrada entre os dias 20 e 21 de março no Centro/Sul do Brasil. Haverá chuva com ocasionais temporais localizados, mas nenhum modelo aponta para uma situação de perigo como dias atrás.
Ao longo da semana os prognósticos serão revisados e alguma alteração dessa previsão inicial poderá ocorrer. Portanto, é importante buscar essa atualização, sempre mais confiável no curto prazo, sobretudo, nessa época do ano.
Por fim, frentes frias fazem parte da climatologia de outono e na medida em que a estação avança deverão ter deslocamento mais lento pelo Estado. Isso é sinônimo de mais chuva e de forma mais bem distribuída.
A transição de um evento de El Niño para La Niña poderá potencializar eventos extremos e o risco de tempo severo. A boa notícia é que é possível prever com dias de antecedência e a equipe da MetSul será incansável no detalhamento, monitoramento e alerta desses fenômenos.