A pesca na Lagoa do Marcelino, em Osório, já não é a mesma. O que antes era um paraíso para os pescadores locais, agora se tornou um cenário de incerteza e preocupação. Espécies tradicionais, como o caraá e a traíra, que há décadas alimentavam famílias e sustentavam a tradição pesqueira da região, estão sendo ameaçadas pela proliferação de tilápias, especialmente a “tilápia do Nilo” (Oreochromis niloticus), nativa do Egito.
Introduzida no Brasil na década de 1970, a tilápia rapidamente se adaptou às águas do Rio Grande do Sul. Sua capacidade de reprodução acelerada, crescimento rápido e carne saborosa a tornaram popular entre os piscicultores. No entanto, a falta de controle e o transbordamento de açudes após chuvas fortes resultaram na invasão de lagoas e outros cursos d’água, criando um cenário preocupante para a biodiversidade local.
Impacto ambiental e desafios para a pesca
A tilápia é um peixe onívoro, ou seja, se alimenta de uma grande variedade de organismos. Essa característica, somada à sua alta capacidade reprodutiva, coloca em risco a cadeia alimentar das lagoas, ameaçando a sobrevivência de outras espécies nativas. Além disso, a tilápia compete por recursos alimentares e espaço com os peixes tradicionais, impactando diretamente a pesca artesanal e a renda das comunidades ribeirinhas.
Mobilização em busca de soluções
A crescente presença de tilápias no Litoral Norte do Rio Grande do Sul não passou despercebida. Em novembro de 2023, um seminário organizado pelo professor Aluízio Verdinho reuniu biólogos, professores e autoridades locais para discutir o problema e buscar soluções. O evento destacou a necessidade de estudos aprofundados sobre o impacto ambiental da tilápia e a implementação de medidas eficazes para controlar sua proliferação.
Com informações do Portal G1.