Foi preso na quinta-feira, dia 22 de fevereiro, um réu em processo que apura tortura, cárcere privado e tentativa de homicídio qualificado em Farroupilha, na Serra Gaúcha. O criminoso tem um haras na região e acreditava que um funcionário havia furtado dinheiro do local. Por isso, em agosto de 2021, junto com outro homem que atualmente está foragido, torturou e tentou matar a vítima.
Os dois foram presos na época, houve denúncia por parte do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e o caso agora está no Poder Judiciário. Mas por uma decisão judicial em primeiro grau, a dupla foi solta em novembro do ano passado. Por entender que autores de crimes bárbaros não podem responder em liberdade, o promotor de Justiça Rodolfo Grezzana, que atua em Farroupilha, ingressou com duas medidas no Tribunal de Justiça: um recurso em sentido estrito, em dezembro do ano passado, e uma ação cautelar para obter efeito suspensivo na soltura dos réus.
Desta forma, o proprietário do haras foi preso preventivamente mais uma vez e o segundo investigado segue sendo procurado. O promotor destaca que os dois respondem por tentativa de homicídio, tortura, furto e roubo. Rodolfo Grezzana destaca que ainda está em discussão se a dupla também poderá ser responsabilizada por cárcere privado e crime sexual contra a vítima.
“No entendimento do MPRS, criminosos que praticam fatos bárbaros, como esse, não podem responder em liberdade. Então, essa decisão do Tribunal de Justiça acolheu ao nosso pedido porque esses dois investigados foram colocados equivocadamente em liberdade. É de extrema importância essa decisão, porque ela recoloca o processo no seu curso correto. Vale lembrar que a vítima foi constrangida e torturada de maneira horrenda, mais de uma vez, e por detalhe não foi morta. Os fatos retratados nesses autos são verdadeiramente bárbaros e isso revela que, com os réus soltos, colocava-se em cheque regras básicas de convívio da sociedade de bem”, diz o promotor.
O CRIME
No dia 9 de agosto de 2021, o réu preso, junto com o outro que está foragido, foi até uma clínica para equinos — onde funciona o haras de um dos investigados — para tirar satisfação de um funcionário, um homem de 39 anos, por entender que ele teria furtado dinheiro do estabelecimento. Conforme a denúncia do MPRS, a vítima foi torturada pela primeira vez no local: teve mãos amarradas, corda colocada no pescoço, levou coronhadas na cabeça, um tiro em um dos dedos de um dos pés e até mesmo choque elétrico. Além disso, ainda roubaram o celular do funcionário. As ameaças e tortura ocorreram até a vítima desmaiar e ser jogada em uma via pública.
O funcionário foi socorrido e hospitalizado. No entanto, o réu preso, junto com outros dois homens, foram até o hospital um dia depois e raptaram a vítima no momento em que ela seria liberada do atendimento. Ela foi colocada em um carro e levada para um segundo local onde continuou sendo torturada. O homem teve uma das orelhas queimada com cigarro e ainda foi colocado álcool sobre o ferimento. Ele teve cinco dentes arrancados, dedos das mãos apertados com alicate, agulhas quentes espetadas pelo corpo e cabelo cortado com uma máquina de tosquiar pelo de animais. Depois de tudo isso, os criminosos ainda levaram o funcionário do haras até um penhasco e o obrigaram a se atirar no local, o que configura a tentativa de homicídio pelo fato de que ele sobreviveu. Inclusive, o chefe dele já é reincidente neste tipo de delito. Por fim, os criminosos ainda foram até a casa da vítima para furtar objetos.