Governador visita áreas afetadas pelas chuvas nos Vales do Taquari e Caí e na Serra Gaúcha
O governador Eduardo Leite realizou, na tarde desta segunda-feira (20/11), uma série de visitas e sobrevoos às áreas atingidas pelos eventos climáticos que ocorreram na última semana no Rio Grande do Sul. Além de avaliar a dimensão dos impactos causados pelos temporais, as visitas tinham como objetivo mobilizar as estruturas do governo estadual nos trabalhos de amparo às vítimas e reconstrução das cidades afetadas.
O roteiro incluiu cinco municípios localizados nas regiões dos Vales do Taquari e Caí e da Serra Gaúcha: São Sebastião do Caí, Santa Tereza, Roca Sales, Muçum e Encantado. Nessas cidades, o governador também se reuniu com prefeitos e lideranças locais.
A primeira parada foi em São Sebastião do Caí. Leite foi recebido pelo prefeito Júlio Campani no Parque Centenário, de onde partiram para sobrevoar as áreas afetadas no município. Em seguida, o governador retornou ao local para uma reunião no quartel do Corpo de Bombeiros, com a participação de vários prefeitos de municípios da região, que apresentaram suas principais demandas. Esta é considerada a maior enchente da história de São Sebastião do Caí, município criado há 148 anos.
“A cena do alto impressiona e mostra que os estragos da maior enchente em São Sebastião do Caí em 148 anos foram muitos, mas ao menos não tivemos perdas de vidas humanas. Fiz questão de estar aqui para deixar claro ao prefeito e à comunidade que não faltará apoio das nossas estruturas de governo para reconstrução”, afirmou Leite.
O governador destacou ainda a orientação aos municípios para acesso à transferência de recursos fundo a fundo da Defesa Civil. O Executivo estadual reservou R$ 60 milhões para os municípios atingidos por desastres naturais, via Fundo Estadual de Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Fundec/RS). Serão disponibilizados R$ 400 mil para os municípios em situação de emergência e R$ 600 mil para municípios em situação de calamidade pública. A medida abarca ações emergenciais, ou seja, de restabelecimento, limpeza e reconstrução.
A modalidade fundo a fundo dispensa as prefeituras da apresentação de planos de trabalho e da celebração de convênios com o Estado, reduzindo a burocracia e acelerando os repasses. “Estamos fazendo um grande esforço para que os recursos cheguem de forma desburocratizada aos municípios, nesse momento em que a ajuda às populações não pode esperar. Nossa Defesa Civil está à disposição e pronta para prestar todo o apoio técnico que os prefeitos necessitarem para acessar esses valores”, ressaltou Leite.
O prefeito de São Sebastião do Caí agradeceu o empenho do governo estadual no rápido suporte prestado nas ações de emergência e, também, pela atenção às demandas da região. “Só tenho a agradecer pela solidariedade e pelo apoio da Casa Civil, bem como das forças de segurança e dos nossos bombeiros voluntários, que prestaram todo o socorro necessário. Agora, seguiremos a batalha para nos reerguermos”, afirmou.
Além do prefeito de Sebastião do Caí, estiveram no encontro os prefeitos de São Vendelino, Marlí Weissheimer; de Bom Princípio, Fábio Persch; de Pareci Novo, Alexandre Barth; de Barão, Jefferson Biriba; de Tupandi, Bruno Junges; de Harmonia, Ernani Forneck;de Montenegro, Gustavo Zanatta; e de Vale Real, Pedro Kaspary.
De São Sebastião do Caí, o governador seguiu para Santa Tereza, na Serra. Ao lado da prefeita Gisele Caumo e do Chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Luciano Boeira, o governador percorreu, de carro, as áreas mais afetadas pela elevação das águas – como uma ponte centenária que não resistiu –, realizando um levantamento sobre as necessidades mais urgentes do município.
Em Santa Tereza, além das transferências fundo a fundo, o governador falou sobre o programa Volta por Cima, que destina recursos às vítimas de desastres naturais por meio do Cartão Cidadão. Por meio dessa ação, o Executivo estadual já destinou R$ 22,5 milhões para auxílio financeiro às famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza cadastradas no CadÚnico e que residem nas áreas em que foi decretada situação de emergência ou calamidade. As famílias desabrigadas ou desalojadas recebem o valor de R$ 2,5 mil.
Na sequência, o governador sobrevoou áreas alagadas em Muçum e Roca Sales e, logo após, se deslocou até a prefeitura de Encantado, onde funciona uma base operacional para as ações de resposta. No local, Leite também conversou com prefeitos e lideranças da região, além de atender à imprensa.
Durante a reunião em Encantado, Leite se solidarizou com os gestores municipais e externou seu sentimento diante dos eventos climáticos que têm acometido o Estado. “É difícil ter palavra de conforto diante desse segundo abalo, mas estaremos juntos fazendo o nosso melhor para a recuperação das nossas comunidades. Somos seres humanos e, portanto, haverá momento de choro e desesperança. Mas terá de ser muito breve, para somarmos forças pela reconstrução. O governo vai estar inteiramente à disposição para auxiliar em tudo que for possível”, assegurou.
Leite informou que o governo do Estado pretende reforçar as transferências fundo a fundo, aumentando o valor destinado a esses repasses. Afirmou também que será estudada a possibilidade de prorrogar o período de permanência de maquinários que estão sendo empregados em ações de restabelecimento, por meio da contratação de horas-máquina. O governador disse, ainda, que já solicitou à Secretaria de Logística e Transportes (Selt) um estudo para viabilizar convênios com os municípios, a fim de complementar recursos em obras estruturais de grande porte.
O governador recomendou que os municípios que ainda não possuem o Fundo Municipal de Proteção e Defesa Civil Municipal providenciem a sua criação o mais rápido possível, para agilizar o recebimento dos recursos. “Em até uma semana, conseguimos fazer com o que o dinheiro esteja na conta. Estamos trabalhando para que seja o mais simples possível. Contem com a nossa Defesa Civil para auxiliá-los”, reiterou.
O coronel Luciano Boeira destacou a importância do sistema de alertas para a preservação de vidas. “Fizemos no dia 17 de novembro, ao final da tarde, o primeiro alerta para inundação, e no início da manhã de 18, um segundo alerta. Além disso, repassamos, ao longo da noite de sexta-feira, 10 alertas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Essa ação foi essencial para salvarmos muitas vidas. Então, reforçamos a orientação para que a população se cadastre por meio do SMS 40199 para receber esses alertas diretamente”, enfatizou.
O governador lembrou, ainda, que o Estado abriu processo para contratar serviço de radar meteorológico, com o objetivo de reforçar a prevenção contra eventos adversos. O edital foi publicado no Diário Oficial do Estado em 13 de novembro. O serviço irá monitorar as condições meteorológicas em Porto Alegre e na Região Metropolitana, duas áreas que concentram grande parte da população do Estado e cidades que necessitam de atenção especial em termos de acompanhamento meteorológico. A contratação do serviço possibilitará o acesso a dados mais precisos e, assim, fornecerá um monitoramento apropriado.
“Estamos buscando reforçar os nossos sistemas de alertas. Abrimos edital para contratação de novo radar meteorológico. Esperamos contar, ao longo dos próximos meses, com novas tecnologias que vão ajudar a ter melhor precisão no monitoramento de eventos climáticos. Nesse último evento, tivemos uma boa demonstração de um avanço nessas comunicações, que nos ajudou a preservar vidas”, observou o governador.
Durante a reunião, os prefeitos compartilharam suas impressões e principais dificuldades nesse momento. “Muitas pessoas criticam os governos porque não estão a par do que fazemos. Então, quero parabenizar o Estado pelos repasses do fundo a fundo, porque isso nos facilita muito. Essa desburocratização é ótima para acelerar nossas ações”, disse o prefeito de Vespasiano Correa, Tiago Michelon.
Dados relativos às consequências dos temporais recentes no Estado
Os eventos extremos que ocorreram na última semana no Estado causaram a morte de quatro pessoas e danos em 158 municípios, conforme dados reportados pelos órgãos municipais à Defesa Civil Estadual.
Os óbitos ocorreram em Gramado, Vila Flores e Giruá. Em Gramado, duas mulheres morreram soterradas após o desmoronamento de sua residência. Em Vila Flores, um homem foi arrastado, dentro de um veículo, pela correnteza. E em Giruá, uma mulher morreu vítima do desabamento da estrutura de um ginásio.
No período entre 15 de novembro até as 19h desta segunda-feira (20/11), há 63 pessoas feridas, 3.737 desabrigadas e 13.264 desalojadas. Em todo o Estado, mais de 227 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente. Associados às fortes chuvas, foram registrados vendavais, enxurradas, inundações, soterramentos e uma microexplosão, que consiste em uma intensa corrente de vento.
O episódio também provocou 41 bloqueios totais ou parciais nas rodovias estaduais, devido a erosões no asfalto, deslizamentos de terra e inundações.
A Sala de Situação e o Centro de Operações da Defesa Civil seguem monitorando as previsões hidrometeorológicas de forma ininterrupta. Desde o início dos eventos, a Defesa Civil do Estado articulou o trabalho das forças de resposta. Corpo de Bombeiros Militar, Brigada Militar, Exército e coordenadorias regionais e municipais de Proteção e Defesa Civil têm agido incessantemente nas ações de resgate, salvamento e buscas, além da retirada preventiva de pessoas de áreas de risco e ações de ajuda humanitária.