Você se lembra com que idade começou a ler, escrever e interpretar informações? Ou em que momento começou a fazer pequenas operações matemáticas e entender o raciocínio lógico? No Brasil, os anos iniciais do ensino fundamental são dedicados ao processo de alfabetização das crianças. No dia 14 de novembro, celebra-se o Dia Nacional da Alfabetização, período essencial de desenvolvimento na educação.
Em Veranópolis, essa fase da formação das crianças é prioridade. Desde 2018, o Laboratório Nutra é um instrumento aliado às escolas municipais para auxiliar os estudantes nos processos de aprendizagens da escrita, leitura e raciocínio lógico-matemático. A intervenção pedagógica atua diretamente com alunos que não conseguiram estar alfabetizados ao final do 2º ano ou que mostram lacunas no aprendizado. Atualmente, são dez grupos atendidos semanalmente, durante uma hora e meia, no turno inverso às aulas regulares. A base de trabalho está fundamentada na ludicidade.
A professora Vânia Saalfeld Wetzel, responsável pela condução dos trabalhos, explica que entre as diferentes estratégias da alfabetização, o uso de jogos e brincadeiras torna o aprendizado mais atrativo, prazeroso e significativo para os alunos, ajudando a superar os desafios desse processo.
— O trabalho do Nutra é ofertar vivências e interações com o mundo letrado. Esse processo de aprender a ler e escrever é um dos mais difíceis e complexos para serem assimilados pelas crianças. Cabe destacar que, hoje, a alfabetização não se faz mais dissociada do letramento, eles precisam andar juntos. É preciso que os estudantes compreendam a função social da escrita, ou seja, sua aplicabilidade no dia a dia. — detalha a coordenadora.
Entre as atividades desenvolvidas pelo laboratório estão leituras e interpretações de cartazes e convites das escolas e escrita de lista de compras, por exemplo. Vânia também conta que os grupos realizaram a leitura dos livros de histórias produzidos pelos alunos da EMEF Joana Aimé, através do Projeto Semeando Autores.
— Conversamos e refletimos sobre as narrativas de cada história e o encantamento foi tão grande que surgiu a ideia de escrever cartinhas para os autores dos livros, expressando o quanto gostaram dos textos, trazendo palavras de incentivo para a produção de novos livros. — compartilha.
Para a professora, o trabalho do Nutra vem se aprimorando a cada ano, a partir do investimento municipal em formações e recursos. A secretária de Educação, Esporte, Lazer e Juventude de Veranópolis, Izabel Cristina Durli Menin, avalia o programa como essencial na formação dos alunos:
— O Nutra se tornou uma política pública determinante para que o processo de alfabetização se concretize como um todo. A criança que não se alfabetiza não estabelece relações com esse mundo letrado que no cerca. Enquanto educação pública municipal é nossa prioridade disponibilizar todas as ferramentas necessárias para que este processo seja bem sucedido. — finaliza a secretária.
A alfabetização no Brasil
Um levantamento inédito do Ministério da Educação (MEC) mostrou que, em 2021, 56,4% das crianças brasileiras não estavam alfabetizadas. Os números representam que a cada 10 crianças, apenas 4 possuem a capacidade de escrever e ler pequenos textos e localizar informações, e produzir inferências básicas a partir da articulação entre texto verbal e não verbal.
Na divulgação dos resultados, em maio deste ano, o ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu que a alfabetização na idade certa é uma das prioridades do Governo Federal. Em junho, o governo federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, nova política de alfabetização que prevê contar com um investimento de cerca de 1 bilhão, em 2023, e mais R$ 2 bilhões nos próximos três anos.
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