Um trisal de bancários do Rio Grande do Sul conquistou na Justiça o reconhecimento de sua união estável poliafetiva. Denis Ordovás, 45 anos, e Letícia Ordovás, 51, estão casados desde 2006, e há dez anos mantêm um relacionamento com Keterlin Kaefer, 32 anos.
A decisão, de 1º grau, foi proferida pela 2ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O juiz Gustavo Borsa Antonello considerou que a união dos três é “revestida de publicidade, continuidade, afetividade e com o objetivo de constituir uma família e de se buscar a felicidade”.
O trisal celebrou a decisão judicial, que oficializa o relacionamento depois de uma década. “As famílias estão mudando e já estava mais que na hora dessas relações serem vistas”, afirma Letícia.
Keterlin está grávida de uma criança que se chamará Yan. O nascimento do bebê está previsto para 13 de outubro. A criança terá direito ao registro multiparental, ou seja, vai poder ter os nomes dos três.
“Sempre teve nos nossos planos ter filhos e quando aconteceu decidimos buscar a Justiça. Ficamos extremamente felizes com a decisão, afinal, são dez anos. Muitos dos relacionamentos ‘normais’ nem chegam a tanto”, compara Letícia.
Em um primeiro momento, eles tentaram o registro em cartório sem a judicialização, mas o pedido foi recusado pelo tabelionato. O homem e a mulher que já estavam casados precisaram se divorciar para fazer esse pedido.
“Nunca escondemos de ninguém a nossa relação, e a grande maioria das pessoas reage muito bem. Alguns demoram um pouco mais pra processar as informações, mas nunca sofremos nenhum tipo de preconceito”, relata Letícia.
A decisão judicial é um marco importante para o reconhecimento da união poliafetiva no Brasil. Ainda é possível que o Ministério Público (MP) entre com recurso, mas, por ora, o trisal pode se considerar uma família reconhecida pela lei.