Amazonas decreta emergência ambiental por falta de chuva

O governador do Amazonas, Wilson Lima, decretou Situação de Emergência Ambiental em municípios das regiões Sul do Amazonas e Metropolitana de Manaus. O decreto é válido por 90 dias.

Segundo levantamento realizado pela Defesa Civil do Amazonas, por meio do Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa), no dia 12 de setembro, quatro municípios já se encontram em situação de emergência. São eles: Benjamin Constant e São Paulo de Olivença, na calha do Alto Solimões, Envira e Itamarati, na calha do Juruá. Outras 15 cidades estão em situação de alerta e 13 em estado de atenção.

O último mês de chuva volumosa sobre a maior parte do Amazonas foi em fevereiro. De março em diante, várias regiões do estado receberam menos chuva do que a média mensal considerada normal.

Agosto já é tradicionalmente mais seco, um mês que é parte do período de estiagem normal do Amazonas. Mas em agosto de 2023 choveu muito pouco.

Em Manaus, o Instituto Nacional de Meteorologia registrou apenas 1 dia de chuva em agosto, com um acumulado de 18,1 mm. Esse valor corresponde a 32% da média climatológica (1991 a 2020), que é de 56,1 mm.

O calor foi bastante intenso em Manaus em agosto. A temperatura de 38,0°C registrada no dia 25 foi a maior para um dia de agosto, em 63 anos de acompanhamento climático, segundo o Inmet.

A falta e irregularidade da chuva sobre o Amazonas nos últimos meses está provavelmente associada ao grande aquecimento que vem sendo observado no oceano Atlântico tropical Norte e também ao aquecimento acima do normal na região do golfo do México.

A água mais quente do que o normal nestas regiões causa alterações na circulação dos ventos, em vários níveis da atmosfera, gerando uma corrente de ar subsidente sobre a Amazônia durante a estação seca. Essa corrente de ar subsidente tem direção de cima para baixo e inibe a formação de nuvens, deixando o ar mais seco.

O cenário futuro é desfavorável para chuva regular por vários meses. A tendência é de chover menos e ter um ambiente mais quente do que normal pelo menos até o fim do ano. A primavera ainda não é época de muita chuva sobre o Amazonas e a tendência é de que chova menos do que o normal.

A meteorologista Ana Clara Marques, da equipe de previsão climática da Climatempo, faz a seguinte análise.

“O Golfo do México e todo Atlântico Tropical Norte estão muito aquecidos há vários meses. Muito mais quente que o Atlântico Tropical Sul, região na costa leste do Nordeste do Brasil. Então, a forma como está o dipolo de temperatura do Atlântico Tropical, está mantendo os fluxos de umidade muito concentrados sobre o Hemisfério Norte, o que contribui para manter a Região Norte do Brasil mais seca e atrasar o retorno das chuvas. Isso vai continuar durante a primavera também.

As chuvas até vão acontecer em alguns dias de setembro e de outubro, mas de forma isolada, sem uma persistência grande.”

Durante o verão, que é a época mais chuvosa no Amazonas em toda a Região Norte do Brasil, o fenômeno El Niño estará com sua força total. É sabido que, no caso do Brasil, as regiões mais afetadas pelas mudanças atmosféricas causadas pelo El Niño são o Sul do Brasil, que tem mais chuva do que o normal, e a Região Norte, que tem redução das precipitações.

As consequências da estiagem no Amazonas já estão sendo sentidas pela população. Em algumas regiões, os rios estão com níveis baixos, dificultando a navegação e a pesca. Em outras, o gado está morrendo de sede. Além disso, a falta de chuva também está afetando a agricultura e o turismo.

O Governo do Amazonas está tomando medidas para mitigar os impactos da estiagem. O decreto de emergência ambiental permitirá que o estado mobilize recursos para ações de abastecimento de água, assistência social e prevenção de incêndios florestais.

A população também pode ajudar a enfrentar a estiagem adotando medidas de economia de água e de prevenção de incêndios florestais.

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