O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou nesta quarta-feira, 2 de agosto, dois jovens de 18 e 20 anos que abriram fogo na Orla do Guaíba, em Porto Alegre, mataram duas pessoas e tentaram matar outras seis na madrugada de 10 de junho deste ano. A dupla foi denunciada pelo promotor de Justiça André Gonçalves Martinez por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, perigo comum e recurso que dificultou a defesa das vítimas), seis tentativas de homicídios triplamente qualificados (motivo fútil, perigo comum e recurso que dificultou a defesa das vítimas), corrupção de menor, tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e por fornecer arma de fogo de uso permitido a menor de idade.
Martinez explica que, por volta das 3h40 daquele sábado, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, junto à megapista de skate da Orla do Guaíba, a dupla e um adolescente infrator dispararam contra William Silva de Paula e Vinícius Luis Silva da Silva por conta de troca de olhares e palavras, caracterizando o motivo fútil do ataque. O crime também foi praticado com emprego de meio que resultou perigo comum, uma vez que foram efetuados disparos de armas de fogo em local público, em meio a dezenas de pessoas que ali se encontravam “alheias ao conflito, cujas vidas e integridade física foram assim expostas a risco”, fundamentou o promotor. Os denunciados e seu comparsa se postaram em torno das vítimas para, repentinamente, passar a dar tiros, impossibilitando qualquer tipo de reação. Na tentativa de matar William, Vinícius e um amigo deles, a dupla de denunciados e o comparsa deles (menor de idade) atingiram outras seis pessoas, sendo que duas tiveram lesões que resultaram em incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. Uma terceira correu risco de vida.
O promotor lembra que aquela área havia sido aberta recentemente à população e que, com farta iluminação e equipamentos recreativos, dezenas de jovens confraternizavam, conversavam e praticavam esportes. Em meio a este público, estavam os denunciados portando armas de fogo sem permissão e acompanhados de um menor. O trio cruzou com William, Vinícius e seus amigos. “Ao passarem uns pelos outros, destoando do clima pacífico e alegre entre o público que lá estava, conforme se constata pelos depoimentos e imagens geradas por câmeras de segurança ali instaladas, teria havido uma troca de olhares e palavras inamistosos entre os indivíduos armados dos dois grupos referidos”, comenta o promotor.
Mesmo assim, as vítimas e seus acompanhantes seguiram seu rumo e se afastaram dos acusados, ficando a uma distância razoável deles a fim de conversarem entre si. “Dando sequência à atitude de desafio e provocação, o trio composto pelos denunciados e o inimputável avançou até onde havia parado o grupo das vítimas e postaram-se com desconfortável proximidade diante de Vinícius e um amigo. Deixando parecer que se encontravam armados, os denunciados pronunciaram palavras de provocação e desafio, para, então, sacarem suas armas de fogo e atirar com completa indiferença quanto à vida e à integridade física dos que integravam a verdadeira multidão de pessoas no entorno deles”, diz Martinez.