Qualquer pessoa que viveu os anos 1980 deve lembrar dos cabelos icônicos daquela época, repletos de cortes expressivos e inusitados. Agora, um desses estilos de penteado está ressurgindo com força total: o mullet.
Esse corte de cabelo, que foi popular no passado, caiu no esquecimento e foi considerado ultrapassado e cafona. No entanto, ele está novamente conquistando as cabeças dos antenados à moda e se tornando um sucesso.
De acordo com dados divulgados pela Folha de S.Paulo, a pesquisa pelo termo “mullet” no Google aumentou 56% em maio, comparado a janeiro. No Pinterest, as buscas pelo estilo cresceram 50% no mesmo período. Além disso, a hashtag relacionada ao mullet no Instagram já acumula mais de 1,2 milhão de menções, enquanto no TikTok, vídeos com o corte somam incríveis 11 bilhões de visualizações.
A popularidade do mullet é evidente nas redes sociais, onde perfis dedicados a esse penteado já têm centenas de milhares de seguidores. Entre eles está a cabeleireira Ashley Medina, que acumula 700 mil seguidores. Seus vídeos mostram a transformação de seus clientes no processo de “mulletificação”.
Ashley relata que sua paixão pelo mullet a ajudou a ganhar tantos seguidores. Segundo ela, após décadas sendo motivo de piadas, o corte voltou à moda e ela aproveitou o momento para compartilhar seu entusiasmo. Ela acredita que a popularidade do mullet está relacionada à praticidade e diversão que o penteado proporciona, especialmente para pessoas ocupadas em busca de estilos rápidos e de fácil manutenção.
A tendência do mullet não tem restrições de idade e já conquistou adeptos de todas as faixas etárias. A editora Mirian Navarro, de 56 anos, decidiu adotar o corte para quebrar padrões associados ao envelhecimento. Ela explica que muitas mulheres em menopausa cortam o cabelo para aliviar os efeitos das ondas de calor causadas pelas alterações hormonais, e foi um dos motivos que a levou a aderir ao mullet.
Por outro lado, há aqueles que buscam o mullet para um visual vintage, remetendo aos “anos dourados” do estilo. O músico e produtor Bruniño, de 31 anos, conta que escolheu o mullet como parte de sua repaginada visual durante a pandemia. Ele se identifica com a estética brega e a moda dos anos 1980, e complementou o visual com tintura rosa e preta. Bruniño vê seu corte de cabelo como uma forma de expressão e de romper com os padrões sociais.
A escritora Leusa Araujo, autora de “O Livro do Cabelo”, destaca que o penteado mullet tem uma longa história de transmissão de mensagens e quebra de padrões de gênero. Originalmente, cabelos longos eram associados ao feminino, enquanto os curtos eram considerados masculinos. No entanto, a contracultura dos anos 1960 desafiou essas normas, com homens adotando cabelos longos como uma forma de questionar padrões estabelecidos.
Leusa também menciona a importância de David Bowie no processo de popularização do mullet. O lendário músico britânico adotou o estilo andrógino em seus primeiros anos de carreira, trazendo o mullet como parte de seu visual. A autora destaca que a ideia de ultrapassar as barreiras de gênero tem ganhado destaque novamente, e o mullet proporciona um penteado fluido que pode ser usado tanto por homens quanto por mulheres.
Em resumo, o mullet voltou com tudo, conquistando uma nova geração que aprecia sua originalidade e estilo. Seja pela praticidade, pela busca de um visual vintage ou pela vontade de quebrar padrões sociais, o corte de cabelo está se tornando uma escolha popular em diferentes faixas etárias.
Com a informação da Revista Fórum.