Rei Charles III é coroado e tem desafio de impedir fragmentação do Reino Unido
Embora a coroação seja apenas uma formalidade, visto que Charles se tornou rei automaticamente após a morte da rainha Elizabeth II em setembro, é um rito simbólico de passagem que formaliza o compromisso do monarca com a Coroa. Em seu primeiro ano de reinado, no entanto, Charles terá de enfrentar importantes desafios que podem determinar o futuro da família real e sua relevância na sociedade moderna.
A cerimônia de coroação britânica é o único evento remanescente desse tipo na Europa. Mais de 6 mil membros das forças armadas participarão, incluindo representantes de pelo menos 35 países da Commonwealth, tornando-se a maior operação cerimonial militar no país das últimas sete décadas. A coroação é um serviço religioso anglicano e tem sido realizada, nos últimos 900 anos, na Abadia de Westminster — William, o Conquistador, foi o primeiro monarca a ser coroado lá, e Charles será o 40º.
No entanto, ao contrário da última coroação, realizada em 1953, este será um evento mais reduzido em resposta à crise do alto custo de vida que assola o Reino Unido. Uma cerimônia menor também faria parte dos esforços do rei de modernizar a monarquia, substituindo os dias de opulência por processos mais enxutos.
A coroação é paga pelo governo e não pela família real. Nem Downing Street nem o Palácio de Buckingham divulgaram o custo exato da cerimônia, mas há estimativas não oficiais que a conta fique entre £50 milhões e £100 milhões.
Reino Unido dividido
Ao assumir o trono, Charles III também se tornou o chefe da Commonwealth, uma associação de 56 países independentes e 2,5 bilhões de pessoas. Para 14 desses países, além do Reino Unido, o rei é o chefe de Estado.
Durante o reinado de Elizabeth II, a rainha cultivou relações pessoais amigáveis com muitos líderes da Commonwealth para manter o grupo unido. Charles III, porém, não tem o mesmo prestígio que a mãe tinha entre os membros da comunidade e alguns países já indicaram que poderiam desmantelar o vínculo com o Reino Unido e estabelecer seus próprios presidentes como únicos chefes de Estado. Seguindo o exemplo de Barbados, que se tornou uma república em 2021, outras nações caribenhas — como Jamaica e Antígua e Barbuda — poderiam ir pelo mesmo caminho.
Informações O Sul.