Produtores argentinos de tabaco contrabandeiam suas safras para o Brasil pelo rio Uruguai

Nas últimas semanas, o setor fumageiro vem alertando sobre a venda de tabaco missionário para o Brasil. No país vizinho, intermediários do comércio de tabaco chegam a oferecer até 900 pesos pelo produto argentino. Fazem isso por causa da valorização cada vez maior do real frente ao peso argentino e, embora a operação seja proibida pela lei argentina, vários fazendeiros se arriscam pela necessidade de ter dinheiro rápido para cobrir suas despesas.

Vale lembrar que nestes dias o setor está discutindo os novos preços que o fumo terá que entregar na arrecadação no próximo mês. Estima-se que o preço possa estar em torno de 500 pesos e com as contribuições do Fundo Especial do Tabaco (FET) que acaba sendo arrecadado meses depois, pode chegar a um preço total de 900 pesos. Com a diferença que a atividade formal também cobre os custos de manutenção do trabalho social dos fumicultores.

“Caminhões com mais de mil quilos de fumo já foram vistos indo para o Brasil. Existe uma realidade, hoje o real está muito alto, estão falando de um preço de 75 ou 76 pesos. Analisada essa realidade, não há como impedir o produtor de vender seu tabaco para o lado brasileiro. Não é algo certo, mas é uma circunstância que está ocorrendo devido às mudanças monetárias com nossa moeda”, analisou Ángel “Cacho” Ozeñuk, produtor e líder agrícola da região de San Vicente.

O fumicultor comentou que o contrabando lhe parece ruim porque “com a venda do fumo se acessa um trabalho social que continua sendo um dos melhores para o produtor. Se você tem um problema de saúde e precisa de ajuda, não acho que compradores do Brasil vão aparecer para dar uma mão.”

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Para Ozeñuk, o problema da cultura é não reconhecer o verdadeiro valor produtivo. “Se temos 100% de inflação anual, não podemos estar trabalhando com margem de 10 ou 15%. Hoje o fumo é pago abaixo do lucro que pode ser gerado e assim não tem assentado que consiga ficar na fazenda. É uma coisa que o governo tem que consertar, não dá para trabalhar no prejuízo ou para uma obra social. Tem que rever o que está acontecendo e se é necessário mudar de atividade”, ponderou.

Ozeñuk também lembrou que parte do descontentamento dos fumicultores é que em 2022 eles receberam “menos Caja Verde (um fundo extra) e foi recolhido até seis meses depois”.

Ele também disse que “outros produtores ainda não receberam o auxílio para o granizo e se você não tiver auxílio quando tiver perdas, não poderá continuar com essa atividade. Por isso eu acredito que se o auxílio não chegar em tempo hábil, você tem que ser honesto e dizer ao produtor que ele tem que se dedicar a outra atividade onde possa ter uma renda melhor.

Reunião em 31 de janeiro

Em uma recente reunião para os novos preços do tabaco em Misiones, uma primeira oferta foi feita pela Cooperativa do Tabaco de Misiones (CTM) para aumentar o preço do produto em 100% em relação ao ano passado. Isso daria um preço de cerca de 400 pesos por quilo médio da safra. Dos produtores foi analisado que esperam uma melhor oferta das indústrias e também uma maior facilidade do estado nacional para que o produto local possa ser exportado com mais facilidade. Assim, foi apontada a necessidade de retirar as retenções e contemplar um dólar diferencial para o embarque do fumo argentino para outros países. Dessa forma, estaria garantido um preço melhor para os produtores locais. Espera-se que na próxima reunião, em 31 de janeiro, haja uma oferta de cerca de 500 pesos por quilo médio.

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Fonte El Território

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