A expectativa de menor crescimento da economia global, resultado dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia, além da mudança na política da China no enfrentamento da covid-19, a perspectiva de menor crescimento da economia brasileira e também a possibilidade de nova estiagem no Estado serão definidoras para o desempenho da economia gaúcha em 2023.
As questões apontadas no Boletim de Conjuntura, divulgado nesta terça-feira (10/1), indicam um cenário de indefinição nas economias dos Estados Unidos e dos países da Europa, assim como na China, principal parceiro comercial do Rio Grande do Sul. O país asiático deve fechar 2022 com o menor crescimento dos últimos 30 anos.
Elaborado pelos pesquisadores Fernando Cruz, Martinho Lazzari e Tomás Torezani, do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), o Boletim de Conjuntura analisa questões da conjuntura internacional, brasileira e do Estado e aponta perspectivas.
O documento aponta que entre os movimentos que podem afetar os países em desenvolvimento, como o Brasil, em 2023, está a estabilização no preço pago pelas commodities, em especial as alimentícias, como a soja, ainda que em patamares altos. A desaceleração da economia chinesa é citada no material como um dos principais motivos para essa acomodação nos valores.
O ajuste nos preços pode afetar, em especial, o Rio Grande do Sul, que tem na China o principal comprador de produtos agropecuários, com destaque para a soja. Além disso, um novo período de falta de chuvas que começa a se desenhar no Estado pode afetar a produção da oleaginosa e, por consequência, as exportações do produto.
“Neste momento, a safra de milho já enfrenta problemas, mas ainda é cedo para ter uma perspectiva mais objetiva em relação aos efeitos sobre a soja”, avalia o pesquisador Martinho Lazzari, do DEE.
Outro ponto de atenção mencionado no Boletim é para as perspectivas de desempenho dos segmentos de indústria e comércio no Estado. Ambos apresentaram ao longo de 2022 patamares de produção e vendas acima dos verificados ao longo de 2021, no entanto, no período mais recente, registram estabilidade.
“Tanto a indústria como o comércio estão muito atrelados ao desempenho da economia brasileira. Como a perspectiva é para um menor crescimento do país em 2023, há possibilidade de essas atividades serem afetadas no Rio Grande do Sul”, ressalta Lazzari.
Boletim de Conjuntura
O documento elaborado pelo DEE analisa as questões mais importantes da conjuntura internacional, nacional e regional disponíveis, com foco no Rio Grande do Sul, com perspectivas para o próximo período.