‘Perro del infierno’: assim é chamada na Europa a variante da covid-19 que avança pelo Brasil

São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul registraram casos da BQ.1; país já teve uma morte

Os casos de covid-19 voltam a ter uma onda em pelo menos quatro estados brasileiros. Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul tiveram um aumento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionadas ao coronavírus e, ao mesmo tempo, a confirmação de casos da subvariante BQ.1 da Ômicron. Na Europa, essa variação do vírus é conhecida como “perro del infierno”, ou “cão do inferno”, na tradução literal, as informações são do Portal Metro News.

Desde que o vírus SARS-CoV-2 foi detectado em Wuhan, na China, em 2020, as variantes da covid-19 já tiveram várias nomenclaturas: Alpha, Beta, Gama, Delta, Epsilon, Zeta, Eta, Theta, Iota, Kappa, Lambda, Mu e Ômicron, que conta com a subvariante BQ.1.

Casos tem aumentado em todo mundo

Essa nova variação da Ômicron passou a ser chamada em países europeus e em alguns da América Latina como “cão do inferno”, fazendo alusão a Cerberus, o cão de três cabeças que guardava os portões do inferno na mitologia grega. O motivo é exatamente o fato de ser uma sublinhagem, que ainda conta com a variação BQ.1.1, ou seja, um vírus que pode ter várias formas de contaminação.

Além do Brasil, a BQ.1 já foi identificada na Europa e nos Estados Unidos, onde também provocou uma nova onda de casos.

Em entrevista ao jornal “NewScientist”, a diretoria técnica da Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que, a partir de agora, os nomes de constelações podem ser usadas para nomear novas variantes do coronavírus, caso elas continuem a aparecer.

O que é a variante BQ.1?

A nova variante da ômicron não apresenta mudanças quanto aos sintomas na comparação com as demais da covid-19, que continuam sendo dor de cabeça, tosse, febre, dor de garganta, cansaço, perda de olfato e paladar em sua grande maioria. Mais transmissível, a BQ.1 felizmente não se mostra mais grave que as versões anteriores, mas ainda exige cuidados.

Alexandre Naime Barbosa, pesquisador, professor, médico infectologista da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), destacou que a nova subvariante tem uma afinidade de ligação maior em relação aos receptores que ficam nas células do trato respiratório alto.

“Essa maior afinidade consegue levar ao aumento do número de casos mesmo em pessoas completamente vacinadas. Assim, a taxa de transmissão acaba sendo maior do que a ômicron original”, aponta.

Barbosa diz, contudo, que a BQ.1não tem refletido no que a comunidade médica intitula “desfecho duro”, ou seja, nas hospitalizações e óbitos, nos indivíduos completamente vacinados. São eles: pessoas com menos de 40 anos que tenham recebido três doses e pessoas com mais de 40 anos, principalmente os extremos de idade e imunossuprimidos, com quatro doses completas.

“O que ela pode causar é aumento do número de casos, mas sem gravidado nos completamente vacinados”, frisa.

O infectologista faz um apelo para que aqueles que ainda não tomaram as doses de reforço busquem pelo imunizante o mais rápido possível, a fim de evitar uma eventual infecção mais grave e até mesmo a morte.

Ainda segundo Barbosa, a volta do uso de máscara de proteção facial é principalmente recomendável para as faixas etárias que, mesmo completamente vacinadas, são mais suscetíveis à covid grave, como pessoas acima de 75 anos e imunossuprimidas.

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