A emoção marcou a inauguração oficial da escultura do Padre Serraglia no Parque da Imigração, em Protásio Alves, na quinta-feira, 24.
A celebração religiosa mesclou idiomas com o padre brasileiro Luciano Cansan e o italiano Guiseppe Bernardi.
Os irmãos Atílio e Otília Peluso protagonizaram um momento emocionante ao apresentarem documentos que comprovam a convivência com o padre Serraglia. Atílio atualmente reside em Porto Alegre; Otília, com 104 anos, veio de Chapecó (SC) para participar do evento. Eles são filhos de Caetano Peluso que dá nome à escola, ao ginásio de esportes e à avenida de Protásio Alves.
- Nunca abandonei minha terra natal. Fui embora, mas meu coração permanece aqui (Protásio Alves) – comentou emocionada Otília.
O evento prosseguiu para a apresentação das autoridades, o descerramento das fitas inaugurais da escultura e das placas, os pronunciamentos e as homenagens aos italianos que colaboraram com a formalização da parceria entre Protásio Alves e Seren Del Grappa.
Antes da inauguração oficial, falaram sobre a história da escultura do Padre Serraglia, os italianos Bruno Scariot, Mario Roldo, o escultor Gianluca De Nard e o padre Guiseppe.
O ex-prefeito de Protásio Alves, José Spanhol, foi um dos mais emocionados do evento e disse que aquele momento transcendeu gerações e continentes. Também solicitou que os italianos levassem o agradecimento e o reconhecimento a quem não pôde estar presente.
O atual prefeito, Itamar Girardi, ressaltou o envolvimento da administração anterior e de várias pessoas para que a inauguração oficial acontecesse de forma condizente ao valor da obra e da parceria entre Protásio Alves e Seren Del Grappa.
Também participaram do evento, o vice-prefeito Jocimar Furlan; a primeira e segunda-dama, Pricila Turani e Carina Dutra Furlan; a ex-primeira-dama, Vânia Dall’Agnol Spanhol; as soberanas do município, Eduarda Marinho dos Santos e Michele Cúnico Stella; secretários municipais; servidores públicos e vereadores, entre outras autoridades.
Além dos citados, estavam na comitiva italiana: Bruno Scariot, Mario Roldo, Maria Comiottto, Morena Roldo, Sara Dal Magro, Anna Maria Rossi, Alida Tamburlin, Edi Filomeno D’Ambros e Paolo Rech.
A história de dois mundos
A história do presente italiano aos protasioalvenses remete ao ano de 2010 quando Spanhol visitou a pequena cidade no norte da Itália. O sonho de homenagear aquele que fez da espiritualidade uma fonte de desenvolvimento social encontrou respaldo em Lóris Scopel, prefeito de Seren, e, assim, nasceu a possibilidade de padre Antônio Serraglia retornar a Protásio Alves em forma de escultura.
Esculpida em madeira, a obra foi recebida em 2020, porém, a inauguração foi adiada por causa da pandemia do coronavírus.
O padre Antônio Serraglia
Da Congregação dos Missionários de São Carlos ou Scalabriniana, Serraglia nasceu em 1871, em Seren Del Grappa, Beluno (Itália), chegou em Protásio Alves em 1910 e permaneceu até seu falecimento, em 1944.
Conforme o livro, Etnias & Carisma, de Antônio Suliani, durante 34 anos, Serraglia foi considerado um homem de Deus e, por isso, “jamais esqueceu a condição concreta do seu povo”. Além de se dedicar incansavelmente à formação cristã, esteve presente em todas as iniciativas que visassem o progresso da comunidade.
De acordo com as necessidades, padre Antônio Serraglia fazia-se missionário, escrivão, agente de correio, fotógrafo e engenheiro. Apesar de franzino, 47 quilos em 1,50 metro, quando se tratava de defender os colonos contra as arbitrariedades das autoridades policiais, não temia enfrentar nem mesmo quem estivesse armado.
Fotos: Sonia Reginato e Jheff Fróes