Morreu nesta segunda-feira (4) o Cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, aos 87 anos de idade. De acordo com a Arquidiocese de São Paulo, o religioso morreu após “prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus”.
O religioso gaúcho, nascido em 8 de agosto de 1934, na cidade de Montenegro dedicou-se à vida da igreja desde os 17 anos. Ele ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1º de fevereiro de 1952.
O Cardeal manteve-se na ativa até março de 2022, quando saiu devido a saúde debilitada, em decorrência do câncer. Em seguida renunciou ao cargo de Presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), diante do agravamento de um câncer no pulmão.
Dom Cláudio também foi arcebispo de Fortaleza e São Paulo. Além disso, ele trabalhou ao lado do Papa Bento 16 como prefeito da Congregação para o Clero.
O religioso esteve ligado a temas ambientais, foi presidente da Ceama e da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O corpo será velado ainda hoje na Catedral da Sé, em horário a ser divulgado.
Confira a trajetória de Dom Cláudio Hummes
Aos 17 anos de idade, Cláudio ingressou, em 1952, na Ordem dos Frades Menores – franciscanos. Ordenado sacerdote em 1958, foi enviado a Roma, onde obteve o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em 1963.
Nomeado Bispo por São Paulo VI, em março de 1975, Dom Cláudio Hummes assumiu a Diocese de Santo André (SP), em dezembro do mesmo ano, e ali permaneceu por 21 anos, até 1996, quando foi nomeado para a Arquidiocese de Fortaleza (CE).
NoABC, Dom Cláudio Hummes acompanhou de perto o movimento operário no Brasil, incluindo a histórica greve geral do metalúrgicos do ABC no fim da década de 1970. Muitas vezes, ele abriu as portas da Catedral de Santo André para assembleias, presidiu missa com a participação dos grevistas e posicionou-se contra as demissões dos manifestantes.
Em Fortaleza, entre 1996 e 1998, Dom Cláudio coordenou um trabalho com as famílias mais pobres.
Em 1998, São João Paulo II o nomeou como Arcebispo de São Paulo, onde permaneceu até 2006, tendo sido feito cardeal pela Papa em 2001.
Entre 2006 e 2010, nomeado pelo Papa Bento XVI, Dom Cláudio foi o Prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano. À época, o Cardeal Hummes foi responsável por mais de 400 mil sacerdotes espalhados pelos cinco continentes.
Na COP21, em dezembro de 2015, o cardeal manifestou irrestrito apoio ao modo de vida dos indígenas: “é preciso defendê-los, defender seus direitos, dar-lhes de novo a possibilidade de serem os protagonistas de sua história, os sujeitos de sua história. Deles foi tirado tudo: a identidade, a terra, as línguas, sua cultura, sua história, tudo”.
De volta ao Brasil, foi nomeado Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cargo que exerceu até 2019.
Em junho de 2021, após Dom Cláudio Hummes ter recebido o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Rosário (UNR), da Argentina, o Papa Francisco escreveu-lhe, agradecendo-o pelo “exemplo que me deu durante a sua vida”, e recordando duas frases que ficaram na história, pronunciadas pouco depois de ter sido eleito Papa, quando Dom Cláudio lhe disse: “é assim que o Espírito Santo age”; e “não se esqueça dos pobres”.