O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (23) que “exagerou” ao afirmar, em março, que colocaria “a cara no fogo” por seu então ministro da Educação, Milton Ribeiro, preso preventivamente na quarta-feira (22), por suspeitas de tráfico de influência e corrupção passiva quando estava à frente da pasta, as informações são da CNN Brasil.
Em live, Bolsonaro disse, no entanto, que continua acreditando na inocência de Ribeiro e afirmou que não havia materialidade para o pedido de prisão.
“Ontem, tivemos a prisão do ex-ministro Milton, da Educação. Eu falei lá atrás que botava a cara no fogo por ele. Eu exagerei, mas eu boto a mão no fogo pelo Milton, assim como boto por todos os meus ministros. Porque o que eu conheço deles, a vivência, dificilmente alguém vai cometer um ato de corrupção.”
Milton é investigado por denúncias de que o Ministério da Educação distribuía recursos a prefeituras de acordo com indicações dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que não tinham vínculo com a pasta. Diversos prefeitos relataram pedidos de propina feitos pelos pastores.
Em março, quando o escândalo veio à tona, Bolsonaro afirmou: “Se o Milton estivesse armando, não teria colocado [os encontros com os pastores] na agenda aberta ao público. O Milton, eu boto minha cara no fogo por ele. Estão fazendo uma covardia”.
Após a prisão, a declaração foi explorada por opositores.
Na live desta quinta-feira, o presidente também criticou o juiz Renato Borelli, da 9ª Vara Federal do Distrito Federal, que autorizou a prisão preventiva. Segundo Bolsonaro, a decisão serviu para desgastar o governo.
“Não tinha materialidade nenhuma para a prisão do Milton, mas serviu para desgastar o governo, fazer uma maldade com a família do Milton. Se tiver algo de errado, ele é responsável pelos seus atos. Mas eu não posso levantar uma suspeição contra ele de forma leviana. […] Continuo acreditando no Milton.”
O presidente reconheceu que o suposto depósito de R$ 60 mil feito pelo pastor Arilton Moura a Milton Ribeiro é uma “movimentação atípica”. A transação, segundo o analista da CNN Caio Junqueira, teria motivado a prisão preventiva.
“É uma movimentação atípica? É. Qualquer movimentação acima de R$ 10 mil é atípica.”
“Não foi corrupção da forma que a gente está acostumado a ver em governos anteriores. ‘Ah, o cara fez uma obra superfaturada. Comprou material e não recebeu, superfaturou’. Nada disso, foi história de fazer tráfico de influência”, completou Bolsonaro.
No início da tarde desta quinta-feira, Milton Ribeiro foi solto por determinação do desembargador do TRF-1 Ney Bello.