A estudante Laura Tedesco Bressan, 17 anos, cursou o Ensino Médio no IFRS de Veranópolis. Toda a sua trajetória escolar foi no ensino público. Na prova do Enem 2021, realizada nos dias 21 e 28 de novembro, Laura conquistou a nota 980 na redação, que teve como tema “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”.

Durante o Ensino Médio, o foco das aulas de língua portuguesa foi na liberdade de escrita. Com a pandemia, Laura ficou um tempo sem aulas oficiais. No seu último ano, apenas em maio de 2021 que o calendário acadêmico foi retomado, ainda com aulas online. Em novembro, retornaram ao presencial, faltando duas semanas para o Enem.

“O incentivo a liberdade de pensamentos ajudou, sem ficar em cima do Enem, isso foi importante para mim. Eu nunca me sentei para estudar como fazer uma redação, mas o importante é saber o que escrever, ter uma opinião e saber expressá-la”, destaca a estudante.

Devido à pandemia, Laura buscou fortalecer seus conhecimentos, muito graças ao seu trabalho em um jornal e em uma rádio da cidade. Isso a proporcionou estar a par dos principais acontecimentos. Além disso, ela faz parte do CTG Rincão da Roça Reúna e no ano passado, concorreu na 51º Ciranda Cultural de Prendas, onde alcançou o título de 1ª Prenda Juvenil da 11ª Região Tradicionalista.

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“Como tem prova de redação, eu acabei buscando auxílio de uma amiga, que estudou a vida toda em escola particular, tendo aulas de redação semanais e ela também tirou 980 no Enem. Ela me deu duas aulas que abriram meus horizontes em escrever dentro do padrão Enem. Eu acho que toda essa bagagem em relação a redação e ao que culminou ao meu 980, foi justamente o que eu fazia com as informações que me davam”.

Para Laura, a escola incentivou a pensar, questionar, ter uma opinião sobre os assuntos, a expressar isso através da escrita propriamente, mesmo não treinando redação Enem, justamente por conta da pandemia. A sua conduta enquanto estudante, de querer buscar e estar inteirada sobre os assuntos, juntamente com o auxílio que teve, fizeram com que todas as adversidades fossem superadas.

“Muitas pessoas acabam se menosprezando em função de não estudar em escola particular, não ter aulas de redação, não ter condição de pagar uma professora particular, mas na verdade esse interesse que se tem, essa vontade, essa intenção de buscar conhecimento e de querer aplica-lo de uma forma dentro daquilo que tu acredita. Acho que nem sempre a escola que faz o aluno, mas sim a vontade que se tem de buscar o conhecimento”.

A prova

O tema da redação foi: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. Laura achou inesperado e ao mesmo tempo desafiador, pois propõe pensar em um problema que existe, mas que não se costuma dar tanta importância.

“Quando li o tema, não tinha muita noção de pra onde correr, mas me inspirei nos textos de apoio, que me deram uma noção do assunto. Aí comecei a pensar no tema, entender, e no meu reportório usei referências atuais, como a série Ponto Cego da Netflix, que fala de uma mulher que perde a memória e teve seu registro civil apagado. Nem sempre se usa referências tradicionais e sérias” explica.

A nota foi outra surpresa. Os 980 que, não eram esperados por Laura, proporcionaram diversas aprovações juntamente com os vestibulares. Dentre as opções, Laura optou cursar Jornalismo na ESPM, em Porto Alegre, onde conquistou 1º lugar e por meio do SISU ela garantiu vaga na UFGRS em Letras e também em Jornalismo. Então a jovem vai estudar concomitantemente Jornalismo na ESPM e Letras na UFRGS.

“É um sentimento que reflete muito a experiência em relação à pandemia, que é um sentimento de superação, porque só eu sei o quanto eu ouvi de algumas pessoas críticas em relação ao ensino do instituto. E dentro da minha turma também criticamos. Muitos alunos do IFRS Campus Veranópolis conseguiram alcançar notas positivas no Enem e ingressar em universidades federais. A minha nota em si da redação, representa uma superação. Eu fico muito grata por todas as pessoas que fizeram parte dessa trajetória”, conclui Laura.

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