Surto de Covid-19 atinge 23 guarda-vidas do Litoral Norte

O aumento na procura por testes de detecção da Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Litoral Norte não é o único indicativo da intensa circulação do novo coronavírus pelas praias gaúchas. Um surto atinge os guarda-vidas e 23 deles estão afastados e entraram em isolamento. Agora, os positivados ficarão por um período de 10 a 14 dias isolados das outras pessoas. Só voltarão ao trabalho depois que a nova testagem der negativo para a doença, as informações são do Jornal Correio do Povo.

Neste sábado, algumas guaritas estavam desguarnecidas em função do problema. “Nunca vi um guarda-vidas usando máscara de proteção facial na beira do mar”, atesta o estudante Pedro Almeida, de 21 anos, enquanto se preparava para surfar em torno das 15h45min. A guarita de número 100, localizada em Noiva do Mar, balneário de Xangri-Lá, era uma desfalcada devido ao surto.

“Poderiam controlar o espaçamento entre as pessoas na praia. Os profissionais deveriam usar máscara na areia, retirando apenas se fossem para algum salvamento. Infelizmente, é o momento. E os guarda-vidas acabam expostos, o que é uma pena. Ainda mais que eles salvam vidas. O mar vai ficar mais perigoso”, reflete o surfista, que veraneia no Litoral Norte.

Conforme informações do Corpo de Bombeiros, até 20 guaritas sofreram o impacto da perda dos guarda-vidas. Porém, nem todas ficariam desassistidas. Porque existe maneira de promover remanejamentos. “O Corpo de Bombeiros trabalha com ativação e desativação de guaritas. Então, nós temos em cada balneário alguma guarita que é eleita por conta de critérios indicadores baseados no fluxo de pessoas, banhistas e ocorrências nos últimos três anos. Todos os balneários têm guaritas para serem desativadas por algum problema, inclusive ser for Covid”, explica o chefe da assessoria de Operações do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), tenente-coronel Isandré Antunes.

Devido ao surto de Covid que atinge os guarda-vidas, o militar orienta o que os banhistas devem fazer. “Alertamos os veranistas para procurarem locais em que a guarita esteja com a bandeira ativa, com o guarda-vidas presente e com a área demarcada para banho. Nesses locais, o profissional vai ter visibilidade para fazer a proteção dos banhistas. Estamos realizando o manejo para completar e fazer a segurança com a cobertura de emergência com os guarda-vidas das guaritas adjacentes”, acrescenta.

A comerciante Ane Caroline, 33 anos, veio de Garibaldi para a temporada de veraneio no Litoral Norte. Estava à beira-mar preocupada com a situação. “Não tem ninguém para cuidar das crianças na água. Assim fica complicado, pois estou com meu marido, enteado e sobrinhos no mar. Poderiam contratarem mais guarda-vidas”, sugeriu olhando para a guarita vazia atrás dela.

Vários banhistas aproveitavam a tarde de sol para tomarem banho. E alguns desconheciam o surto entre os guarda-vidas. Era o caso da diarista Neusa Grutzmacher, 59. “Não sabia desse problema, agora estou sentindo falta. Tem mais gente na praia neste sábado. Fico triste em saber”, comentou um pouco incrédula.

As guaritas afetadas pelo surto estão localizadas em Torres (3 e 18), Capão da Canoa (66, 82 e 83), Xangri-Lá (100 e 103), Tramandaí (144), Nova Tramandaí (151), Cidreira (176, 186 e 189), Pinhal (198, 201, 202, 205 e 210) e Quintão (222, 223 e 224).

Percorrendo as praias, percebe-se que muita gente aboliu o uso de máscaras de proteção facial quando está à beira-mar ou caminhando pelos calçadões. O respeito ao distanciamento social também inexiste, com muitos guarda-sóis fincados na areia quase lado a lado.

Na maioria das farmácias do Litoral Norte, não é possível mais encontrar testes rápidos de Covid. Conforme dados do Painel Coronavírus do governo estadual, o RS teve, desde o começo da pandemia, mais de 1,5 milhão de contaminados e mais de 36 mil óbitos. O vírus voltou com força e pouca gente parece preocupada.

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