A Defesa Civil emitiu na sexta-feira (14/1) um alerta de chuva forte acompanhada de descargas elétricas, ventos moderados a fortes e eventual queda de granizo.
Alerta válido para área delimitada em vermelho no mapa.
Metsul também alerta
A MetSul Meteorologia alerta que a onda de calor começará a ingressar na sua fase úmida que trará temporais, alguns fortes a severos e com danos de forma isolada, e ainda índices de calor (sensação térmica) excepcionalmente altos e madrugadas de temperatura muito alta. Já hoje se espera a ocorrência de tempestades, entretanto o cenário é mais preocupante no fim de semana e na primeira metade da semana que vem.
Ar quente e umidade são combustíveis para temporais. Quando o primeiro dos ingredientes, no caso o calor, ocorre em excesso, o risco de tempo severo aumenta muito. E não apenas isso. Não apenas cresce a possibilidade de temporais como de tempestades muito forte e até em alguns casos destrutivas, especialmente em dias de calor extremo.
Um exemplo clássico da história recente de temporal sob calor muito intenso e que foi de grande impacto foi a tempestade severa com downbursts que atingiu parte da cidade de Porto Alegre no final de janeiro de 2016. Não se está a afirmar que a capital gaúcha terá temporal de igual magnitude, apesar de o risco de tempestades na cidade ser alto nos próximos dias, mas em diferentes pontos do Sul do Brasil podem ser registradas tempestades severas com danos por vento e granizo.
Sempre há o questionamento: vai dar temporal na minha cidade? Reitera-se e se enfatiza que são ocorrências localidades, às vezes atingem apenas parte de um município, e que dias antes não é possível prever que ponto exato será afetado. O que se pode determinar com antecedência é quais regiões têm maior risco e, no caso, são as partes mais a Leste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além do Sul e do Leste paulista.
Um dos maiores riscos neste tipo de situação em que a instabilidade ocorre imersa numa massa de ar por demais quente é o de vendavais. Não são vendavais generalizados e sim de caráter localizado, entretanto onde ocorrem podem ser muito fortes e destrutivos, com casos extremos de downbursts ou mesmo tornados que podem trazer vento muito acima de 100 km/h. Este é um risco real nos próximos dias nos três estados do Sul.
Outro risco será a possibilidade de chuva com volumes excepcionalmente altos (50 mm a 100 mm) em poucos minutos (30 minutos a uma hora) acompanhando temporais isolados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná. Observe a projeção de chuva do modelo WRF para 72h, até 21h do domingo, e atente para os pontos isolados com registros de chuva de 100 mm a 200 mm.
São resultado do que o modelo antecipa serão temporais de verão com chuva extrema isolada, capaz de gerar inundações e alagamentos repentinos com transbordamento de rios, arroios e córregos. De acordo com a projeção do modelo, áreas mais a Leste de Santa Catarina e do Paraná, além de parte de São Paulo, seriam as zonas de maior risco. Apesar disso, episódios de chuva extrema localizada acompanhando temporais podem ocorrer também no Rio Grande do Sul até o começo da semana.
Os mapas acima, pela ordem, mostram as projeções de refletividade com valores altíssimos (condizentes com instabilidade muito forte) para 18h das tardes de hoje, sábado e domingo. Já nesta sexta são esperados temporais isolados no Sul do Brasil, especialmente no Leste catarinense e paranaense, mas o risco maior ocorre nas tardes de sábado e no domingo no Leste do Sul do Brasil em especial.
Os índices de instabilidade atmosférica, usados como parâmetros para previsão de risco de tempo severo, mostram para as tardes de sábado e do domingo valores condizentes com alta probabilidade de temporais fortes a severos. Os valores do índice CAPE (Convection Available Potential Energy) chegam a superar 3.000 J/Kg em pontos do Leste do Sul brasileiro e do Sul e Leste de São Paulo, ou seja, um cenário ideal para tempo severo.
Outro efeito do aumento da umidade será o aumento da percepção de calor. Até o momento, o calor muito intenso está se dando com ar extremamente seco. São várias tardes seguidas em que a umidade cai abaixo de 20% no Rio Grande do Sul na maioria dos municípios com mínimos de até 7%, como se viu em Santa Rosa na quarta.
Agora, com maior umidade e a temperatura muito alta, no caso de algumas regiões como Porto Alegre, a Serra e os vales atingindo o pico de calor deste evento neste fim de semana, os índices de calor (sensação térmica) serão extremos.
Veja que 38ºC com 20% de umidade traz índice de calor de 37ºC, mas os mesmos 38ºC com 55% de umidade resulta em índice de calor de 52ºC. Você pode fazer o cálculo com a temperatura e a umidade diretamente na calculadora oferecida no site da NOAA, a agência climática dos Estados Unidos.
Por isso, nos próximos dias, várias cidades devem ter índices de calor acima de 45ºC e em alguns casos superiores a 50ºC. O calor muito intenso a extremo que já trazia desconforto e exigia cuidados com o ar muito seco agora será ainda mais desconfortável e com maior risco de trazer choques de calor nas pessoas com o aumento da umidade e o salto dos índices de calor.
Com a mudança da massa de ar muito quente de bastante seca para mais úmida, as noites que vinham sendo agradáveis e até frias para janeiro (caso do Planalto Sul Catarinense que ontem teve geada) deixarão de ser. As próximas noites vão ser muito quente e com mínimas elevadas.
A noite desta sexta-feira, por exemplo, será incrivelmente quente no Sul e no Oeste do Rio Grande do Sul com 30ºC a 33ºC às 21h em Uruguaiana, Quaraí e diversos outros municípios. Uruguaiana, por exemplo, deve amanhecer com temperatura mínima impressionante ao redor de 30ºC no sábado.