A esposa de um dos sócios da Boate Kiss, Nathália Daronch, 31 anos, prestou depoimento no começo da tarde desta segunda-feira (6/12). A companheira de Elissandro Callegaro Spohr estava grávida de 4 meses quando houve o incêndio na casa noturna. Ela estava lá quando o fogo começou. Ela foi a última vítima ouvida em plenário. Em seguida, será ouvida a testemunha Márcio André de Jesus dos Santos, irmão do réu Marcelo de Jesus dos Santos.
Em seu depoimento, Nathália relatou que Kiko foi avisado por um dos seguranças que havia acontecido “uma coisa muito séria”. O esposo abriu as portas e gritou “saiam, saiam”. Nathália saiu junto com as pessoas e foi até a calçada do supermercado que havia do outro lado da rua. “Quando eu me virei, vi que não se tratava de uma briga”.
Sobre a reforma na boate, o uso da espuma foi indicação. “Eu me recordo que foi uma indicação e ele estava amparado por uma indicação, do Engenheiro Samir, que inclusive vendia essa espuma”. Segundo Nathália, há nota fiscal e troca de e-mails que confirmam essa informação.
A expectativa era receber, naquela noite, de 800 a 850 pessoas na boate.
Mauro Londero Hoffmann era sócio de Elissandro. Ela o via pouco na boate. “O Kiko fazia a administração da Kiss. Não acredito que o Mauro interferia”. A relação com os funcionários, segundo ela, era muito boa. “Isso é uma característica dele. Tira de si para dar aos outros. Os funcionários eram como família”.
Nathália disse também que nunca assistiu a Banda Gurizada Fandangueira fazendo show pirotécnico. Na Kiss, também não viu ninguém utilizar. Só no clipe gravado na boate que foi utilizado fogo frio (indoor). De acordo com o relato, não houve autorização prévia para fazer isso desse recurso. “Eu estava lá na passagem de som. Tudo o que aconteceria no show é feito ali. E não foi solicitado isso (os fogos de artifício). E, se tivessem solicitado, não seria autorizado. Sei disso porque conheço a postura dele (Kiko). Ele acha desnecessário o uso desses artefatos em show”.
Hoje, Nathália e Elissandro são pais de duas meninas, de 8 e 5 anos. Ela disse que, antes de ir para o hotel (jurados, vítimas e testemunhas ficam confinados), as meninas perguntaram: “Mãe, traz de volta o pai para casa. E eu não sabia responder. O pai vai passar o Natal com a gente? Eu disse: eu não sei”, afirmou. O réu chorou em certas partes do depoimento da esposa.