Após a conclusão das passagens subterrâneas para a fauna na Rota do Sol (ERS-486), em Itati, no Litoral Norte gaúcho, estão sendo construídas cinco estruturas aéreas no local. Executadas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) – vinculado à Secretaria de Logística e Transportes, as obras começaram na terça-feira (26) e devem ser concluídas em 20 dias, sem previsão de alteração de tráfego.
“As novas travessias complementam os equipamentos para proteção à fauna existentes no segmento da Reserva Biológica Mata Paludosa e compõe um complexo inédito no país voltado à travessia de anfíbios, que conta, ainda, com cercas-guias para a condução dos animais para essas estruturas”, ressalta a Superintendente de Meio Ambiente do Daer, Josani Carbonera.
De acordo com a engenheira, os equipamentos foram propostos pela empresa Biolaw Consultoria Ambiental, contratada em 2017 pelo Daer para um estudo de monitoramento de fauna na Rota do Sol. A pesquisa, realizada durante seis meses, apontou o alto índice de atropelamento de animais, inclusive de espécies que estão em risco de extinção (conforme Decreto Estadual de 2014): a perereca-castanhola (Itapotihyla langsdorffii), perereca-risadinha (Ololygon rizibilis) e perereca-macaca (Phyllomedusa distincta). Esta última é encontrada no país apenas na Mata Atlântica, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
“Ao se deslocar de um lado para outro da rodovia para se reproduzir e buscar recursos, como alimentos, esses anfíbios acabam sofrendo acidentes”, explica o biólogo Luiz Carlos Leite. “Dentre eles estão espécies com hábitos terrestres e aéreos, por isso a necessidade de disponibilizarmos estruturas de passagens de fauna adaptadas para essas movimentações” acrescenta.
“Ao todo, cerca de R$ 2 milhões estão sendo investidos nas ações de proteção à fauna na rodovia. Elas incluem, ainda, uma segunda fase do estudo, que consiste na avaliação da efetividade nos dispositivos. Essa etapa ocorrerá no período entre a Primavera e o Verão, quando os animais estão mais ativos”, afirma o diretor-geral do Daer, Luciano Faustino.